O inverno parecia ainda mais agressivo naquela manhã em Konohagakure. Ventos fortes acompanhado dos amontoados de neve que desciam do céu se unificavam numa frente fria que invadia todo o vilarejo, tornando-o mais gélido do que outrora havia sido naquele inverno.

Uma guerra era capaz de mudar completamente a estrutura e a organização do sistema militar de um vilarejo. Um sistema esquematizado como uma grande rede de informação e patrulha que se estendia por toda região e arredores dos grandes vilarejos, pouco-a-pouco se via fragmentado com a ausência de militares disponíveis. As tropas de Konohagakure, semelhante as de Kumogakure, eram enviadas rumo a Geada, estabelecendo uma base em prontidão para a guerra.

No entanto, por mais que frágil e exposto que o sistema militar dos vilarejos estivesse em meio a guerra, eles ainda eram suficientes para manter a paz e a segurança dos moradores, enquanto Kirigakure não fosse capaz de avançar além do país da geada, os vilarejos se manteriam estáveis.

Mesmo assim, as consequências de viver uma guerra não eram ignoráveis. O medo acompanhava a irracionalidade, o que facilmente afligia até mesmo aqueles que foram treinados para resistir a ele. Sendo designado a guardas noturnas, um ninja facilmente foi capaz de encontrar as brechas necessárias para deixar o vilarejo, deixando apenas um bilhete ao seu amigo, parceiro de guarda.

“Eles vão nos enviar a guerra. Eu escutei aquela mulher conversando no centro militar, ainda precisam de mais tropas, não tem muito ninjas sobrando, mesmo os de patente menor logo serão enviados para lá, seremos ovelhas lançadas aos lobos, eu não posso lidar com isso, me perdoe amigo... que o destino nos reencontre. Adeus.”

Uma fuga, em meio a noite. O amigo, quando notou o silêncio do companheiro, encontrou o bilhete, mas já era tarde. Por mais que não quisesse entregar o próprio amigo, era obrigado relatar aos seus superiores, sendo altamente repreendido pela falha. Não havia muitos ninjas disponíveis, e Konohagakure não podia arriscar enviar um amigo para caçar outro.

A mulher buscou entre as fichas disponíveis e encontrou um que logo chamou sua atenção — Aburame? Perfeito. — disse — Ei, você! Busque Aburame Kazama, mande o imediatamente para cá, após isso estará dispensado por hoje, inclusive de sua guarda noturna. — ordenava a mulher, rigorosamente.

Considerações:

A chegada do Aburame foi imediatamente perceptível, acompanhada de sua apresentação. May continuou parada, observando o garoto de cima para baixo enquanto comparava com os dados presente em sua ficha. — Serve. — concluiu no fim. A mulher buscou entre outros arquivos e trouxe um a mesa, fazendo um simples gesto com a mão para que o garoto se aproximasse. — Esse ninja se chama Hino, ele deixou ao vilarejo ontem de madrugada enquanto estava responsável pela patrulha dos portões principais. Normalmente executaríamos os procedimentos padrões de identificação e caça ao ninja, mas estamos em guerra, certo? Não podemos nos expor tanto. Sua missão é encontrá-lo, o que vai fazer quando tiver de frente a ele não importa, desde que você retorne com uma prova de que ele foi detido. — a mulher soava fria e direta, ela imaginava que o garoto ainda estava no início de sua carreira ninja e que aquela missão talvez fosse além do que ele poderia suportar, mas entre suas opções, ele seria o mais qualificado.

— E antes que eu esqueça: não tente nenhuma gracinha. — o aviso soava levemente simpático, acompanhado de um sorriso pouco genuíno. — Dispensado! —.

Considerações:

Kazama se provou um ninja pouco ingênuo, mesmo em uma situação desfavorável, não foi apenas um soldado seguindo ordens, sendo corajoso para se opor a elas e trazendo seus questionamentos para a mesa. — Superficial? Inquestionáveis? Garoto, se houvesse uma grande chance de falha, você não seria o escolhido. É apenas um genin, ele sabe um pouco de bōjutsu e kyūjutsu, se formou a uns dois anos e é isso. Você deve conseguir... eu acho. — ela complementava, apontando para a ficha do fugitivo que estava em sua mesa.

A segunda fala de Kazama, no entanto, provocou uma reação um quanto diferente na mulher, levando ela a risada por alguns longos segundos. Ao fim de sua risada, seu olhar ganhou uma performance fria e vazia, como se engolisse a alma do garoto — de forma figurativa —. — Nesse caso... eu mesmo irei atrás das duas criancinhas... — respondia a mulher, com um rosto que passou do sério, para um sorriso maquiavélico.


Já nos arredores do vilarejo, Kazama rapidamente provou sua utilidade como treinador de insetos, revelando os insectoides semelhantes a besouros que agora viajavam os pela extensão da floresta em busca de informações para seu mestre. Cerca de vinte minutos depois, Kazama recebeu a primeira pista útil, pegadas que criavam um caminho até o que parecia um buraco em meio ao chão, não era um buraco enorme, mas era grande o suficiente para que um adulto conseguisse pular, ele estava em meio ao nada e seu formato era geometricamente perfeito e redondo.

Considerações:

Kazama parecia solucionar seus problemas rapidamente, pelo menos era o que o acreditava. Os insetos avançaram pela extensão do buraco, conseguindo caminhar facilmente pelas paredes rochosas do túnel. Rapidamente os insetos iriam descobrir que a extensão final do túnel era de apenas vinte e três metros, levando a novos possíveis caminhos. Alcançando a extensão máxima de busca, os insetos não seriam capazes de encontrar a ninguém naquele ponto. Por mais que as informações fossem úteis, os insetos não conseguiam detectar possíveis armadilhas, se limitando a capacidade de rastrear e identificar os caminhos daquele terreno.

Considerações: