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O Novo MundoTrama Atual

Após uma longa e devastadora batalha contra o Imperador Iedolas Aldercapt, Isabel Uchiha emergiu vitoriosa, sendo coroada como a nova Imperatriz de Nilfheim. Como uma de suas primeiras ordens, a nova monarca ordenou o recuo das tropas do leste, dando um fim àquele terrível conflito.

Infelizmente, a vitória não foi gratuita. O trono fora conquistado através de perdas irreparáveis, e agora a salvadora do oeste guardava do mundo um segredo importante.

Enquanto isso, envenenado e escolhido pela escuridão, Orion Noctilucent tornara-se avatar de uma entidade maligna vinda do mais profundo abismo de Elyos, convicto de que é chegada a hora da verdadeira invasão demoníaca.

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Suzue
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[ RP ] The Calling.Sáb Jun 18, 2022 6:37 pm

The Calling
Solo / Kiri / Inverno, 1245
O
vento frio carregava cheio de terra molhada, algo rotineiro na ilha chuvosa, e soprava alguns fios rebeldes para longe do rosto da kunoichi. Dentro da madrugada escura, os baques violentos contra os troncos silenciavam os poucos chiados dos insetos e animais da floresta. Palpitando em seu coração, o medo e a coragem se degolavam e incessantemente batalhavam, uma fusão estranha que energizava os treinos que custavam várias horas dos seus dias.

Ainda que agora sua acuidade e coordenação motora fossem louváveis, não precisava de nenhum gênio para perceber suas falhas nas partes mais tradicionais e técnicas de seus golpes. Mesmo que fossem feitos de forma limpa, seus movimentos muitas vezes não eram otimizados e eficientes em seu conceito. Por isso, nos últimos dias, repassava com afinco toda a base de taijutsu que lhe foi ensinada na academia, e incansavelmente buscava as melhores trajetórias para o mesmo golpe.

Seu punho viajava de forma rápida e, com certeza, alcançava o ponto central da casca de árvore ainda úmida em uma linha perfeitamente reta. Começava o movimento rápido, e então tentava o replicar exatamente igual, apenas mais lento. Sentindo, em cada fração, qual parte do seu corpo estava sendo usada e qual ângulo ela estava inconsciente calibrando seus golpes.

Anotava, mentalmente, cada detalhe do movimento. Os socos que puxam o local errado de seu ombro, e mesmo que parecessem iguais em alta velocidade, perdiam muito de sua capacidade ofensiva pelo caminho. Os músculos que se estendiam sem sincronização correta, aumentando sua fadiga ao distribuir o trabalho de forma desigual. Repassava a forma várias e várias vezes, detectando cada erro que seria muito pequeno para ser detectado em uma luta real, mas que consumiam sua habilidade de combate e impunham vícios que limitavam-na.

O problema não estava nessa parte, no entanto. Embora o cansaço fosse maçante e manter-se em movimento enquanto tentava sentir todos seus músculos simultaneamente fosse complexo, a próxima parte era um desafio á parte infinitamente mais difícil.

Cada movimento precisava ser repetido inúmeras vezes, forjando seu corpo á soltar suas manias uma por uma. Sentia-se embaixo do martelo, ajeitando cada mínimo desvio com dor e suor. Por horas a fio, enquanto era forçada a manter a consciência completa de seu corpo sob o risco de desperdiçar todo seu esforço, e só aumentando cada vez mais a carga que o pequeno corpo deveria carregar. E isso eram só os movimentos superiores do corpo. Primeiramente, treinava simplesmente golpeando a árvore da maneira otimizada que havia montado pelas várias repetições.

No entanto, ela sabia que logo se acomodaria e falharia em continuar avançando. Nunca poderia realmente melhorar, e então, teve que se tornar criativa e impor outros desafios à sua rotina. Com alguns metros de cipó e um tronco velho oco, amarrou em um galho alto de forma que pendesse bem à frente do corpo da árvore.

Sua estratégia, então, seria empurrar com tudo que tinha a improvisada ferramenta de treino. Deveria cumprir toda sua rotina de golpes superiores, sem nenhum erro, antes que o tronco a alcançasse. Nesse momento, deveria recuar, esperar o penduricalho passar, e então repetir a sequência. Conforme a energia cinética se esgotava, ela tinha cada vez menos tempo, assim a forçando a acelerar seus movimentos.

Essa não era uma ideia totalmente radical, porém, Suzue sabia que demoraria porque outra coisa se faria necessária. Ela não apenas precisava concluir a série de movimentos, mas precisava fazê-lo com perfeição, até o último deles. Mesmo que fossem movimentos simples, enquanto não achasse outra maneira de se aprofundar no mundo das artes marciais e seus conceitos mais complexos, deixaria os básicos polidos, sólidos e confiáveis. Algo que ela pudesse confiar, e que fosse a coluna de sua habilidade combativa.

Assim, começou sua rotina. Ela via o dia amanhecer entre as folhas, e a lua já estava alta e brilhante no céu quando ia embora. Às vezes, o tronco lhe acertava em cheio, às vezes simplesmente precisava recomeçar do zero por um pequeno detalhe errado. De qualquer forma, ela fez aquilo da forma que Suzue era mais acostumada a fazer: Exigindo de seu corpo tudo e muito mais que pudesse oferecer, e alimentando sua autocrítica para que nunca se satisfizesse com movimentos preguiçosos.

E assim o fez, dia e noite, arrancados com pinças e de forma precisa os erros em seus movimentos, se preparando para que cada passo em suas habilidades a partir dali tivesse um hábito tivesse um solo estável e habilidoso para crescer, maximizando seu potencial e sua base.

Ao decorrer dos dias, a repetição mostrou seus resultados, os movimentos claros e límpidos, usando todos os atributos que seu corpo possuía da forma potencializada, cada músculo trabalhando não só da forma mais firme, mas também com a trajetória lapidada e os músculos apurados e apropriados para cada função e objetivo. O tronco, ao final, era uma versão afundada e totalmente deformada, um fantasma de sua antiga forma qual Suzue se perguntava se a planta se recuperaria um dia.

Notas:

winter







Última edição por Suzue em Sáb Jun 18, 2022 7:14 pm, editado 1 vez(es)
Suzue
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Re: [ RP ] The Calling.Sáb Jun 18, 2022 7:14 pm

The Calling.
Solo / Kiri / Inverno, 1245
O
fluxo acelerado do rio era um espelho da mentalidade de Suzue. Mesmo que tivesse aceitado o plano de Isabel, a cada segundo que se passava, ela se questionava se aquela era a coisa a se fazer conforme uma nova ansiedade nascia em sua cabeça.

No entanto, ela havia definido qual seria a sua ação. Não poderia voltar atrás ou desistir agora, pois algo muito mais importante que o futuro de sua vila estava em jogo. E ela não poderia deixar seus treinos e eficiência serem parasitados e destruídos pela sua inquietação. Se não estivesse no seu ápice durante aquela missão, nunca iria se perdoar em sua vida. Por isso, sua motivação quando decidiu batalhar a cacofonia desesperadora que a atormentava era mais forte do que qualquer uma.

Ainda sim, aquele era o desafio mais difícil que já havia enfrentado.

Suzue havia se acostumado com o silêncio, durante sua infância, era uma constante na vida da menina. Porém, sentada e olhando para dentro da sua própria mente, ela percebe que o verdadeiro silêncio nunca esteve mais longe. Ainda que quieta e com apenas o som da água em seus ouvidos, ela se sentia no centro da vila em seu momento mais cheio. Diversos pensamentos borbulhavam a todo momento, e quanto mais se esforçava para calá-los, mais eles insistiam em aparecer.

Continuou tentando aquilo por muitas horas, sem avanço nenhum, até que o sol havia desaparecido do céu.

Quando ela começava a achar que nunca conseguiria aquilo sozinha e pensava em pedir ajuda, a forma com que o fluxo diminuiu chamou sua atenção. Quando seus pensamentos estavam em uma linha concisa, não havia tantas intrusões em sua consciência. Talvez estivesse tentando futilmente mudar a corrente de um rio, quando esse tempo todo, deveria estar gentilmente a direcionando em vez disso.

Enfrentando aquele tipo de desafio pela primeira vez, tentadoramente fechou os olhos e se concentrou em sua audição. Em vez de lutar para silenciar tudo, deixou-os fluir através dela. Sem oferecer resistência e naturalmente se focando no chiado do rio e da sua própria respiração, percebeu gradualmente tudo além destes se silenciar. Assim que começou a sentir algo mudar, no entanto, ela impulsivamente se agarrou a um pensamento errante. Tudo desmoronou na fração de um segundo.

Abriu os olhos e bufou, frustrada consigo mesma, mas parcialmente aliviada de ter conseguido uma pista sobre como enfrentar esse problema. Fechou os olhos novamente, e continuou perseguindo aquela sensação fantasma que quase a possuiu, se esforçando para se livrar de suas manias de entreter pensamentos fúteis. Era um mundo interno completamente novo, que requeria um silêncio monumental para ser explorado.

Conforme sua resistência gradualmente aumentava, ela sentia-se se aproximando de uma sensação nova e estranha: O tempo e espaço eram sentidos com novas percepções, a calma a permitindo usar seus sentidos de uma forma muito mais límpida e clara. Cada vez mais, se desafiava a ficar mais tempo em estado de calmaria completa, mesmo quando estava com fome ou com sono. Treinando, aprimorando sua consciência para suportar e se manter eficiente perante qualquer empecilho.

Notas:

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Suzue
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Kaya
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Re: [ RP ] The Calling.Sáb Jun 18, 2022 9:02 pm

— Avaliação dos Treinos: Aprovados

Tinha esquecido como é aconchegante ler os textos que você escreve para essa personagem. Dá pra ver que você gosta muito dela, pois tudo é muito bem detalhado e caprichado... Muito encantador. Fico muito ansioso pensando em como vai ser a Suzue quando crescer, que tipo de ninja ela será, que tipo de decisões vai tomar. Ela é tão fofinhaaa
Kaya
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Re: [ RP ] The Calling.Sáb Jun 18, 2022 11:09 pm

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Solo / Kiri / Inverno, 1245
N
a ilha, cada dia minimamente quente naquela época do ano era uma dádiva, principalmente se comparado às temperaturas de sua terra natal. Quando o treinamento da parte superior do corpo se findou, no entanto, todos os resquícios da dádiva de calor haviam ido embora. Mesmo no frio congelante, no entanto, ela sabia que não tinha o privilégio de descansar ou se dar descanso. Encaixou um treinamento atrás do outro, logo recomeçando o processo para a parte inferior do corpo.

Começou uma série de movimentos lentos, tentando replicar exatamente como fazer seus chutes e posicionamentos durante as batalhas. Passo por passo, executava como uma dança mortal e lenta, parceira de si mesma e lendo os detalhes do próprio corpo com extrema atenção e cuidado. Era como se ela mesma revivesse suas batalhas, mas agora, com a cabeça fria e analisando cada erro cometido.

A forma como seus pés congelavam após um chute, e o descuido com o espaço correto e apropriado entre suas pernas. O jeito como, mesmo que sempre firmes e objetivos, seus golpes atingiam por meio de uma trajetória desengonçada e mal pensada. Ela havia parado de prestar atenção na técnica específica, necessária para movimentos que, muito além de limpos, eram extremamente potentes em sua ambição.

Repassava em sua mente sua lista de erros, demarcando a queimação imprópria de alguns músculos e como o seu peso inapropriadamente se distribuía de forma que deixava sua postura frágil. Além disso, o jeito com que seu quadril estava longe da curvatura otimizada para a maior parte de seus chutes, roubando muito da força final e de sua potência a troco de um movimento levemente mais rápido, provavelmente um mania que havia ganhado sem perceber.

Quando, depois de mais e mais repetições, percebeu que não havia mais adições a serem feitas, começou a parte realmente complicada de seu aprendizado. A parte que forçava seu corpo, por meio da vigilância crítica e repetição, a abandonar todo e qualquer tipo de impotência e vícios prejudiciais. Sabia, que naquele momento mais do que qualquer outro, que um item daquele lista poderia arrancar-lhe à vida e pôr tudo em risco em suas condições e diante dos inimigos que enfrenta atualmente.

Desenvolveu a rotina de movimentos que melhor destacava todas suas manias, praticando-a sob o olhar predatório e analítico, livrando-se de cada detalhe desnecessário e fazendo questão de que cada dedo, cada músculo, cada respiração estava trabalhando da forma que lhe traria mais resultados pelo menor custo energético. Sua postura consigo mesma era rígida, como de uma professora megera, não deixando passar nem mesmo a menor vírgula sem começar tudo do começo.

Se deixou avançar apenas quando absolutamente não conseguia achar mais erros.

Então, começou o desafio de tempo.

Nada lhe adiantava um movimento perfeito, que nunca alcançasse seu alvo. Com um mecanismo simples, amarrou de forma firme uma pedra do tamanho de seu pulso em um cipó, atando-a no tronco de uma árvore grossa.

Seu desafio seria cumprir toda sua rotina antes que a pedra terminasse uma volta completa, de forma impecável.

Dessa forma, teria certeza de lapidar seus talentos e proficiência até seu ápice, agindo com os melhores movimentos e no melhor tempo. Jogou a pedra centenas e centenas de vezes, na madrugada, nascer e pôr do sol. Várias vezes, o destino final da pedra foram suas pernas, que passaram muito tempo cobertas de escoriações.

Ainda assim, continuou a acelerar, sem abrir mão da técnica que ela sabia que era a mais apropriada para o seu corpo. Continuou performando chute atrás de chute, calibrando ângulo e cada mínimo detalhe da composição de sua postura. Após muitas tentativas, começou a ver os seus resultados, completando sua rotina e dando um passo para trás antes que a pedra passasse veloz pelo seu ponto inicial.

Mas isso apenas significaria que estava na hora da próxima fase.

Dessa vez, voltou ao tronco que pendia bem à frente do tronco, e eliminou a pedra. Em sua rotina, agora a mais longa de todas, incorporou todo seu corpo em todo tipo de movimento complexo e que existia extrema técnica. Dessa forma, teria certeza que ambos superior e inferior estavam sincronizados, e poderia treinar ainda mais sua velocidade.

O tronco a acertou, de novo e de novo, mas não parou de atingir a casca seca com socos, chutes e pontapés. Notou os leves erros, mínimos atrasos entre uma parte e outra, coisas que ela deveria limpar de seu corpo e de suas manias.
Repetidas vezes, chegou à exaustão. Uma rotina ainda mais longa no mesmo período de tempo era exaustivo, mas ela não se permitia preguiça. Só pararia quando alcançasse seu resultado, quando alcançasse sua meta. E assim, castigou seu corpo além das horas mais escuras da noite, buscando a progressão de suas habilidades acima de qualquer coisa.

Mesmo que quando finalmente conseguiu alcançar o tempo que havia se imposto, a tão sonhada realização e satisfação não tenha durado muito antes da cobrança por algo melhor tomar suas percepções.

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Re: [ RP ] The Calling.Sáb Jun 18, 2022 11:27 pm

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Re: [ RP ] The Calling.Sex Jun 24, 2022 11:40 am

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scuridão, entrelaçada com o ruído quase inaudível do vento que passava pela caverna, cantando melodias fantasmagóricas, eram a única coisa que a pequena ninja era capaz de distinguir no meio da madrugada escura.

Ainda sim, era coisa demais.

Levantou em sobressalto, irritada com sua insônia novamente lhe tirando o descanso, marchou pesado até a fogueira e reacendeu as brasas que estavam lentamente morrendo enquanto murmurava algumas atrocidades. Se seu cérebro não iria cooperar, decidiu que pelo menos não ia desperdiçar tempo deitada, sendo atormentada por memórias e pensamentos sempre que tentava fechar os olhos.

Mais cedo, havia conseguido pegar um livro de artes marciais avançado da biblioteca da vila, começando a reconhecer que estava no seu limite do que poderia aproveitar dos ensinamentos da academia e seus treinamentos sozinha. Folheou as páginas algumas vezes, anotando conceitos e tentando entender algumas posturas mais complexas. Planejava começar o treino prática pela manhã, mas… Bem, não é como se ela tivesse muito tempo, mesmo.

Começou pelas posturas das primeiras páginas. Logo se fez aparente a dificuldade que era praticar sozinha, apoiando o livro em uma pedra mais alta e se ajustando várias vezes para tentar chegar em uma posição semelhante.

Se ao menos eu tivesse… alguém que soubesse…

O pensamento veio tão rápido quanto foi, mas foi o suficiente para levantar uma barreira velha, sólida e grossa no coração da menina. Seus treinamentos eram sozinhos. Sempre foram. Sempre seriam. Isabel chegava a passar pela mente, mas a rosada sabia que a mais nova já tinha muita coisa para resolver… Ela não a incomodaria com uma coisa boba dessas.

Não, ela estava acostumada com isso. Ela conseguiria. Engoliu o sentimento ruim que subiu com esse fato, e piscou forte para espantar as lágrimas. Encarou novamente o livro, tentando captar como cada músculo se movimentava pelo que estava desenhado em suas páginas. Ela nunca havia praticado aquele nível antes, e ela conseguia sentir a diferença pelo corpo inteiro, o leve desconforto que se espalhava para se manter daquela maneira. Então, a sequência que havia sido descrita, uma verdadeira corrente de golpes difíceis encaixados. Os ângulos dos chutes e socos eram complexos, e ainda por cima, feitos um após outro roubavam seu equilíbrio e a faziam realizar movimentos desengonçados.

Como resultado, seu primeiro final foi um belo tombo, reverberando um eco zombeteiro pela caverna. Ainda que tivesse experiência com os golpes básicos, os mais complexos movimentos, giros e alturas de chutes e socos faziam seu corpo parecer geléia.

Mentalmente, se xingou enquanto levantava, respirando fundo e recomeçando.

Voltou à postura inicial, recomeçando. Precisava que seu corpo se acostumasse a ser empurrado e dobrado de novas formas, ou essas habilidades lhe fariam muita falta no futuro. Chutes acima da sua cintura, seguidos de giros, afastamentos e socos ascendentes, mudando constantemente seu ponto de equilíbrio, forçando cada músculo a se acostumar com aquelas mudanças extremas de postura da forma mais rápida que podia, não, ainda mais rápido.

Chute, giro, pulo, soco, a velocidade surpreendente e os movimentos abruptos entre um e outro fazia seu estômago doer e suar mesmo no frio da madrugada. A frenética alteração ainda a fez tombar várias vezes, rendendo o começo de formação de algumas escoriações.

No entanto, ela sentia, conforme seu corpo começava a se adaptar aos desafios, criando confiança no que poderia fazer, construindo agonizantemente devagar costume com os movimentos acelerados e extremos. Com a prática, conseguiria forçar seu corpo a esses limites de diferentes formas, fazendo-o enfrentar adversidades de forma limpa, apuradamente trocando entre bases extremamente diferentes com a leveza de uma bailarina.

Quando finalmente conseguiu terminar a sequência sem um tombo, no entanto, ela sabia que mais parecia uma galinha tentando alçar voo, desengonçadamente batendo seus membros em ângulos levemente mais tortos que o devido.

Assim, seu trabalho não estava nem perto de pronto. Agora que seu corpo havia de alguma forma aprendido sobre a troca constante de nível, repetia de forma lenta, mantendo sua postura estável, firme e inabalável em cada ponto do caminho. Forçando à, além de concluir tudo aquilo, seu corpo fizesse isso da melhor forma e exatamente dessa forma todas as vezes que usasse aquilo em batalha.

Era excruciante manter o seu balanço em posições que naturalmente eram perto de impossíveis de manter. Ainda sim, não desistiu de seus músculos, forçando além da dor e da queimação, até que não tremessem ou se desviassem nem por um segundo, se mantivessem no melhor e mais efetivo curso.

Na caverna escura, os raios de sol começaram a inundar e obliterar a sombra, mas Suzue não parou. Apenas silenciosamente continuou seu trabalho, cuidadosamente forjando cada movimento e o trazendo à sua melhor forma.

Quando a forja de seus músculos por precisão finalmente se deu ao fim, ela voltou às formas aceleradas algumas vezes, vigiando o próprio corpo como uma águia observa sua presa, afirmando de novo e de novo os movimentos até que saíssem da melhor forma possível.

Notas:

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Última edição por Suzue em Sex Jun 24, 2022 5:10 pm, editado 1 vez(es)
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Re: [ RP ] The Calling.Sex Jun 24, 2022 5:10 pm

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vento era gelado e lancinante, impiedoso à qualquer alma viva, e imaginava que seria especialmente cruel para aquelas que ousavam correr em sua presença. Logicamente, Suzue não era nenhuma exceção. Ela costumava correr bastante em Konoha, onde ela podia deixar memórias e frases presas em sua garganta se dissolverem enquanto seu pulmão ardia.

Aqui, no entanto, havia sido pega em tantas questões que se passaram muito tempo desde que realmente se lançou, com tudo que tinha, com tudo que podia, e abraçou o zumbido dos ouvidos conforme acelerava pela floresta. Ainda que estivesse em uma velocidade superior agora, precisava continuar se esforçando ou nunca melhoraria. Ainda pior, o que havia cultivado iria definhar, esquecido e desperdiçado todo o tempo que passou naquilo.

Então, com o pequeno cronômetro que havia conseguido na vila, encarou as inesgotáveis árvores em sua frente e pisou, com tudo, direcionando-se unicamente para frente. Teria de correr mais rápido, rápido o suficiente para alcançar tudo que estava lentamente escapando entre seus dedos.

Sua impotência na missão era clara. Ela não tinha sido capaz de auxiliar Isabel em nenhum aspecto, trago nenhum resultado. Inutilmente choramingando pelos cantos, como uma criança assustada. Não mais. Ela seguiria em frente. Ela alcançaria a garota, faria isso acontecer sem dúvida nenhuma.

O vento, como ela previu, era como facas de gelo cortando sua pele e entrando pelas narinas. Nos pulmões, ardiam e gelavam, espalhando uma sensação insuportável pelo peito. Ainda com tudo isso, forçava suas pernas cada vez mais. Mais longe, mais rápido.

Para provar que ela podia, sim, ser útil.

Para provar que ela era uma ninja excepcional.

Para provar para todos os olhares que ela conseguia, até que não restasse nenhuma sombra de dúvida.

Sua velocidade já era muito grande, um vulto entrecortando as árvores e arrebentando tudo em seu caminho. Mas ninguém sabia mais do que a criança da primavera que aquilo não era nada. Ela havia visto o que velocidade de verdade era, desaparecendo e aparecendo em um piscar de olhos. Ela tinha muito o que melhorar até se considerar rápida de verdade.
Um pé após o outro, forçando cada passo, cada músculo á entregar mais e mais até que… Um som estrondoso ressoou pela floresta quando a menina bateu diretamente contra uma parede de pedra. Se forçar além dos limites com certeza estava ajudando, mas… dessa forma seria mais um problema do que ajuda.

Passou a mão pelo rosto, vendo a gota de sangue saindo de seu nariz.

Não era eficiente, precisava pensar em uma nova maneira de se tornar mais rápida. E foi assim que acabou indo pra vila, e voltando com alguns pesos com a desculpa de ser uma estudante da academia tentando se formar. Amarrou os pesos nos tornozelos, e então amarrou mais um. E outro. E só se deu por satisfeita quando havia pesos até depois do seu joelho. Sabia que se usasse apenas um, nunca conseguiria melhorar na proporção que precisava, e não era tão difícil só dizer que estava comprando para ela e suas outras cinco amigas…

Ajeitou-se brevemente ao novo peso, dando uns pulinhos para ter certeza que não iam se soltar, e apertou o cronômetro para que contasse de novo.

E então correu, imediatamente sentindo a resistência de suas pernas por conta do peso. Ainda que fosse rápida, não estava nem de longe no nível de tanto peso, e era justamente por isso que não parou nem por um segundo. Havia desacelerado significativamente desde sua primeira tentativa, agora quase parecendo uma corrida de uma idosa pelo parque, mas continuou forçando os pés a subirem e acelerarem de novo e de novo.

Mais, ela exigia. Mais, ela mesma gritava nos próprios ouvidos. Até que não houvesse mais nada além de pó e cinzas, até que todos a reconhecessem. Ela deveria seguir, numa corrida eterna contra um inimigo desconhecido e que, de alguma forma, sempre estava à sua frente.

Forçou as pernas até que sentiu que elas iriam arrebentar, por volta do pôr do sol, e continuou forçando bem além disso. Conforme a escuridão da noite chegava, ela continuava correndo, raspando de segundo em segundo o seu tempo naquela trilha perpétua.

Lentamente, sentia seu corpo ruir e se construir de novo, um pouco mais rápido, um pouco mais ágil. Sua velocidade aumentava aos poucos e arduamente, e ela tinha parado de tentar limpar o nariz. Se sentia nostálgica.

Estava quase lá. Com mais algumas corridas, conseguiria chegar muito próximo do horário que havia definido no começo para finalizar o circuito. Sua velocidade chegava quase á de um ninja recém-saído da academia, e quando tirasse aqueles pesos, poderia finalmente alcançar tudo aquilo que esteve persistentemente colado em um horizonte infindável.

Quase.

Até que, como uma árvore solitária em uma tempestade, ela caísse em meio à floresta. A exaustão, tomando o controle, desligou tudo. Se alguém tivesse visto, falaria que parecia uma boneca sendo jogada no chão. Infelizmente, no entanto, ninguém estava por perto.

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Re: [ RP ] The Calling.Sex Jun 24, 2022 5:47 pm

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manhã veio de uma forma muito mais perversa do que Suzue estava acostumada. Seu corpo inteiro doía, e antes mesmo de abrir os olhos, queria simplesmente se enterrar profundamente na terra abaixo das suas costas. O olhar esmeralda reconheceu lentamente o mundo cruel que a recebia com tanto amargor, relembrando o que havia acontecido no dia anterior.

Oh, não.

Desejou internamente, com todas suas forças, que Isabel tivesse dormido fora hoje.

Precisava urgentemente continuar seu treino, mas como a dor de cabeça e desconforto pelo corpo eram muito desconfortáveis, decidiu passar rapidamente pelo rio e deixar a água relaxar um pouco a tensão causada por dormir sobre a terra. Devidamente limpa e um pouco mais relaxada, fechou novamente os pesos em volta das pernas e iniciou o cronômetro.

Após algumas corridas de aquecimento, percebeu que não havia perdido muito do seu progresso de ontem com um pequeno sorriso de alívio.

Agora, era apenas continuar diminuindo seu tempo, e então tirar os pesos e ajustar seu corpo com sua velocidade. Correu várias e várias voltas, os músculos gritando por misericórdia e cansaço enquanto eram habilmente ignorados pela garota. Embora o corpo reclamasse, ela se satisfazia com o seu objetivo mais perto a cada vez que repetia o processo.

Após tanto tempo de treinamento ininterrupto, estava tão exausta que seu maior medo era ter outro desmaio antes de finalmente concluir seu objetivo. Sentia-se caminhando em fogo vivo, enquanto dentro de si o vento gelado congelava seus órgãos e principalmente, seu pulmão. Atenção especial era direcionada à sua respiração, garantindo que permanecesse controlada e ritmada, ou sabia que o oxigênio em seus músculos se esgotariam antes que pudesse chegar em seu tão desejado ápice.

Conseguiu esquecer completamente as dores quando viu os números que havia acabado de conseguir em seu cronômetro. Pulou, comemorando sua vitória, um largo sorriso enquanto deixava os pesos caírem no chão.

Quando correu novamente, estava desengonçada como um pato, o corpo desacostumado com o uso de pesos, mas sentia o quanto mais rápida se sentia. Correu mais que tudo, para longe de tudo aquilo, para perto do seu inimigo invisível, cada passo tentando se superar.

Suas pernas queimavam tanto que mal sentia enquanto as forçava em frente, apenas o comando mental de continuar, de nunca parar, nem mesmo olhar para trás durante todo o período. Não podia perder seu ritmo, ela pensou, enquanto via os borrões das árvores passarem em sua visão. E não queria olhar para o que estava deixando para trás.

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Re: [ RP ] The Calling.Sáb Jun 25, 2022 7:26 am

— Avaliação dos Treinos: Aprovados

Treino 01: Meu. Deus. Obrigado por mostrar pro mundo que para treinar Taijutsu não precisa necessariamente ficar dando soco e chute em boneco de treino. Você conseguiu construir uma ambientação mais do que necessária utilizando pouquíssimo recurso narrativo. Se focou para caramba na descrição das posturas, e eu particularmente adorei como você deu ênfase em como a Suzue estava errando, descrevendo mesmo as poses mais estranhas. Sério, eu fiquei completamente imerso nesse treino aqui, me encantou real.

Treino 02 & 03: A Suzue correu por aí com uns pesinhos na perna. É inovador e revolucionário? Não. Mas cada palavra foi escolhida com tanto afinco, tanto carinho, tanto sentimento... Sério, você tá de parabéns. Eu espero que a Suzue consiga suportar o peso de se sentir como a sombra da Isabel, assim como ela suportou aqueles pesos nas suas pernas por horas. :c

Recompensa: +4 Taijutsu e +6 Agilidade (Já dobrado pelo evento de reabertura).
Além disso, escolha: +1 Dança (Perícia), como bonificação pelo treinamento de posturas ou +1 Força (Atributo), por conta dos pesos.
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Re: [ RP ] The Calling.Qui Jun 30, 2022 6:41 pm

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V
oltando para a caverna, sentia seu estômago latejar. Os ferimentos não haviam sido graves, ainda sim, a falta que sentia de uma cama macia nessa hora era indescritível. Seus olhos ardiam, sentindo a vontade infantil de chorar corroendo seu âmago. Respirou fundo, lentamente se arrastando para os suprimentos de ferimentos com bandagens, álcool e algumas outras coisas.

Enquanto sibilava para limpar os machucados e enfaixá-los corretamente, repensava seu dia. A vergonha fazia seu rosto queimar, pensando nas decisões idiotas que havia tomado em sua missão. Havia tido sucesso no final, mas com certeza teria sido bem mais rápido caso tivesse sido mais inteligente em alguns críticos momentos.

Primeiro, durante sua avaliação do terreno. Tolamente caminhou, usando sua aparência real, pela área industrial onde obviamente não circulavam crianças frequentemente. Deveria ter pensado melhor e analisado sua posição e objetivo, e no caso, a parte mais frustrante era que tudo teria corrido sem problemas se tivesse apenas tomado a forma de um inofensivo gato de rua, apenas preocupado com um lugar ao sol para tirar um cochilo.

E realmente, para provar seu ponto, quando o tentou posteriormente, não havia tido problema nenhum em analisar e perceber tudo que precisava sem ser interrompida. Suspirou pesadamente, pensando também que poderia ter pensado em uma mentira melhor e mais convincente. Na hora, havia apenas se apavorado, e só conseguiu pensar em algo decente com minutos de atraso. Quase havia sido presa, em seu momento de burrice.

Agora, exercitava sua mente com todas as mentiras que seriam muito mais aceitas e convencionais para sua situação. Meu pai esqueceu seu almoço, e eu estou trazendo para que ele não fique com fome. Minha mãe me pediu para buscar algo com sua amiga, que trabalha por aqui perto. Minha irmã me pediu pra enviar um recado pro namorado dela, que tá trabalhando por aqui.

Tantas coisas que serviriam muito bem, seriam razoáveis e provavelmente não a colocariam na enrascada que ficou. De qualquer forma, havia conseguido se livrar daquela situação, graças a Isabel. Se perguntava o que ela teria feito com o garoto. Ainda sim, pesava em suas costas o fato de que estava em problema, e tão vulnerável. Amaldiçoou sua consciência naquele momento, desejando ter usado seus recursos de forma mais eficiente.

Depois desse trecho, havia ainda feito muitas coisas complexas. Mesmo que tivesse conseguido se infiltrar corretamente, havia cometido seu primeiro erro quando entrou na sala de câmeras. Sem aquele homem para analisar as salas, ela teria uma liberdade muito maior para explorar sem nenhum sinal ou alarme. Poderia facilmente o ter apagado e desligado aqueles sistemas, tornando as câmeras inúteis e deixando seu caminho livre e sua visita impossível de rastrear. Seria uma decisão inúmeras vezes mais inteligente, e Suzue apertou as unhas contra a palma da mão em frustração. Desejava fortemente uma máquina de voltar ao passado, desfazer todas suas decisões idiotas e realizar aquela missão da maneira que deveria ser feito.

Mas enfim, começou a relembrar-se do que aconteceu em seguida. Foi em direção às salas onde o corpo que deveria destruir estava localizado. Quase gritou e rolou no chão de vergonha com a memória.

Mesmo que não tivesse apagado o homem das câmeras ou destruído-as, havia sido estúpida o suficiente para apagá-lo enquanto ainda estava em plena visão da lente digital. Se houvesse apenas cortado, destruído, feito algo para perturbar o campo de visão captado por ela. Poderia facilmente procurar aquele corpo e sair do prédio, calmamente e sem pressa ou alarde.

Repassou em sua cabeça toda a cena novamente, calculando o melhor plano de ação que poderia ter tido. Caso tivesse ido pelas paredes, ainda com a forma de uma formiga, poderia ter destruído a câmera e suas funções com a forma de um rato, fingindo ser apenas uma peste problemática. Caso isso não fosse possível, também poderia encher aquela sala de neblina, talvez acreditasse que tivesse algum tipo de falha no sistema anti incêndio e teria tempo para realizar sua tarefa sem interrupções.

Também poderia ter se livrado das câmeras atordoando o homem que as controlava, e quando chegasse naquela sala específica, ameaçasse o legista para que a levasse até o corpo e o entregasse para que pudesse destruí-lo. Dessa forma, nem ao menos teria que demorar em sua procura, e estaria fora do necrotério e longe dali muito antes que o homem pudesse chamar por alguém e relatar o problema. Haviam tantas formas de ter resolvido seus problemas que ouvia, mas não sentia, seus dentes rangerem lentamente.

Depois que o alarme tocou, já era tarde demais. Tudo já tinha ido pelos ares, e sua única escolha restante era resolver aquilo de maneira violenta e explosiva. Tinha quase certeza que havia estragado seu disfarce, e começava a pensar nas formas que iria navegar pela vila agora. Ou talvez apenas não o fizesse mais, afinal, precisava de uma maneira mais eficiente de conseguir informações.

Notas:

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Suzue
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Re: [ RP ] The Calling.Qui Jun 30, 2022 8:54 pm

Olá, Amor!

Faz tempo que não avalio alguma coisa sua para tecer um comentário. Gostei muito da levada da narrativa; a maneira como põe em palavras a frustração de Suzue para consigo mesma é de uma qualidade que eu considero rara após mais de 10 anos de RPG. Acredito que Suzue aprendeu muito com esta missão e que terá muitas outras chances para corrigir o que precisa ser corrigido, aperfeiçoar o que pode ser aperfeiçoado e manter em perfeição o que já é perfeito. Em relação ao seu resultado como jogadora, eu não tenho outra palavra que não orgulho para descrever e parabenizar. Tomar decisões rápidas não é uma tarefa fácil e as vezes meramente agir pode ser mais difícil do que pensar num plano complexo. Você tem melhorado muito nisso, se superado bastante e eu só posso lhe dar os parabéns. Espero que continue sempre olhando para frente, seguindo seu caminho e, acima de tudo, se divertindo no jogo que foi feito para você. <3

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Re: [ RP ] The Calling.Sáb Jul 02, 2022 4:42 pm

Interlude
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A
trêmula menina, de aparência frágil no meio da floresta gelada, tinha um encaixe assombroso dentro do morto e retorcido inverno. Mal sentia os próprios dedos, mas mesmo assim, se esforçava para manter seu movimento contínuo. No dia de hoje, ainda que soubesse como aplicar sua energia de forma eficiente, deveria elevar aquilo.

Agora, com seu novo cargo, sabia que não enfrentaria oponentes que facilmente sucumbiriam às suas técnicas. Deveria dominá-las melhor, usá-las melhor, e, eventualmente, utilizar técnicas melhores. A grande questão que permanecia em sua cabeça era que, embora seus jutsus fossem consistentes em qualidade, e modéstia a parte, em uma qualidade muito boa, eles necessitavam de uma concentração absurda de se manter no meio de uma batalha.

Não conseguia manipular os detalhes, e principalmente não conseguia enquanto se movia. Precisava se ajustar a um ritmo novo, muito mais acelerado, onde poderia usar suas técnicas enquanto desviava ou acompanhava o seu alvo.

Para fins de treinamento, decidiu masterizar essa técnica usando o sopro d’água que havia aprendido há algum tempo atrás.

Respirou fundo, concentrando e tecendo sua chakra a partir das energias opostas que se encontravam dentro de si, e então formando a imagem clara da água que queria libertar pela boca. O normal aconteceu, o comum que ela sabia atualmente: ficar parada enquanto a área à sua frente era atingida pela alta pressão. Repetiu o mesmo processo, só que agora, deu um passo para frente e começou uma corrida com toda sua velocidade.

Enquanto suas pernas a levavam como o vento, amassava e comprimia seu chakra dentro do seu estômago. No entanto, ela percebeu muito antes de terminar que aquilo iria falhar pateticamente. Sua consciência começou a se embolar, dividida entre as atividades, confusa e deixando seu controle deslizar. Como resultado, assim como previra, o jato saiu sem pressão alguma, caindo frustrantemente no solo.

Pelo que já conhecia da arte do ninjutsu, sabia que aquilo seria possível se ela se tornasse familiar o suficiente com essa prática e pudesse fazê-lo naturalmente, ensinando seu próprio corpo e até as partes mais profundas de sua consciência sobre a sensação e passos que levavam á uma técnica bem executada.

Então, fez o que fazia de melhor durante todos esses anos: continuou tentando.
Novamente embrulhou toda sua energia, tentando correr em diferentes direções, desviar das árvores e manter-se em movimento enquanto preparava e disparava seu jutsu. Sentia sua energia falhando, dispersa e inconsistente, formando aquela criação de água igualmente desigual. Algumas vezes, sentia que estava perto de atingir algum resultado, mas logo em seguida voltava a ter um desempenho patético.

Não desistiu, no entanto, e o pensamento não passou pela sua cabeça nem ao menos por um momento.

Corria, exercendo toda sua força e agilidade, e forçava sua consciência e chakra á acompanhar o ritmo ditado. Depois de muito tempo, sentiu seu cérebro começando a se adaptar, se naturalizar naquela prática e facilitar a produção e execução do movimento. Seus jatos começaram a atingir mais longe, com mais pressão, velocidade e quantidade.

Quando sentia que estava conseguindo ter os mesmo resultados que tinha estando totalmente imóvel e concentrada em sua técnica, avançou para a próxima fase. Afinal, nas missões que teria de agora em diante, simplesmente correr não faria nada para auxiliá-la.

Puxou seu bastão, caracterizando um inimigo à sua frente tentando replicar movimentos ofensivos. Concentrando, dentro de seu torso, novamente toda aquela essência. Fazendo isso enquanto realizava movimentos repetitivos, como correr, já era uma tarefa que conseguia fazer com certa facilidade.

Desviar e balançar seu corpo assim, no entanto, era algo bem mais complicado.

Sentia seu raciocínio fazer um grande nó, tentando manter seus movimentos a par de possíveis ataques em uma rotina de esquivas, enquanto reunia dentro de si o poder para um possível contra-ataque. Novamente, falhou pateticamente, incapaz de manter o dois. Como resultado, sua esquiva se atrasou, e seu jutsu foi prejudicado, uma fina linha de água saindo de seus lábios.

Precisava refinar muito de si mesma para chegar ao nível que queria estar, mas não faltaria esforço nesse caminho. Faria com que isso fosse uma certeza clara.

Fechou os olhos, tentando imaginar claramente a sensação do seu âmago enquanto aquela técnica era formada, tentando imprimir em cada músculo e em cada neurônio o que deveria ser feito. Se pudesse realizar certas partes de forma quase inconsciente, deixando seu próprio instinto tomar conta de regulações, poderia se focar e abrir espaço para ações muito mais precisas e eficientes em batalha.

Respirou fundo, levantou suas mãos e começou novamente.

Dessa vez, sentiu boa parte indo com relativo sucesso, se mantendo veloz e equilibrada com sua energia. Lentamente se acumulava, de forma muito mais lenta que o normal, mas pelo menos o resultado final foi algo muito mais perigoso do que simples gotas dando um banho em seu oponente. Fora um jato medíocre, principalmente para os próprios padrões, mas era um avanço.

Notas:

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Re: [ RP ] The Calling.Dom Jul 03, 2022 12:01 pm

Olá, Suzue

Desculpe a demora na avaliação do treinamento. Como sempre a sua escrita é muito fluida e me permite imaginar exatamente como a cena está acontecendo. Parabéns!

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Re: [ RP ] The Calling.Sex Jul 08, 2022 10:58 am

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aminhando com dificuldade graças à coberta grossa de neve que cobria o chão, seus pés se afundavam até perto do seu joelho em cada passo. Seria impossível treinar assim. Então, resolveu seguir até o rio, onde o gelo seria liso e não a incomodaria. Em cima da água congelada, respirou fundo o ar do inverno, sentindo o arrepio descer pelo corpo.

Já havia aperfeiçoado seu corpo o máximo que conseguia ir, no entanto, seu raciocínio estratégico muitas vezes falhava e suas estratégias acabavam por ser ineficazes. Então, fechando seus olhos, Suzue tentou imaginar com clareza um oponente em sua frente. Alguém alto e forte, que batalhasse em curta distância e estava pronto para matá-la. E agora? O que ele faria? Um suspiro, enquanto tornava aquela ideia mais clara.

Nessas condições, o ideal era que ele pudesse se aproximar e desferir seus melhores golpes. A menina, alguém que tendia ao uso de arco e flecha e costumava lutar em longa distância, estaria em desvantagem assim. Seu arco seria complicado de manusear com pouco espaço, pelo tamanho, e ela acabaria encurralada. Ainda tinha o seu bastão, no entanto. E não era nada ruim com ele.

Então, ela não poderia deixá-lo controlar o ritmo da batalha, e assim conseguiria desferir todo tipo de golpe e golpeá-lo em diferentes distâncias. Como primeiro movimento, seu inimigo não viria simplesmente correndo, já que isso lhe daria muito espaço para atirar. Precisaria de uma distração, então… Imaginando que ele supostamente era um usuário de Doton, imaginou diversos pedregulhos voando em alta velocidade em sua direção. Até lidar com todos eles, provavelmente ele já estaria perto o suficiente para lhe pressionar.

Ela não precisava se reduzir ao seu arco, no entanto,

Sabia, que entre os jutsus que dominava, existia um que criaria uma onda forte o suficiente para empurrá-lo e deter as pedras no caminho. Dessa forma, impediria o avanço e a distração. Enquanto ele ainda estivesse atordoado pela força da água, ela estaria livre para acertar seus tiros e causar ferimentos.

Mas e se ele se defendesse? Usando algum tipo de escudo de terra? Ela sabia que existia, ela mesmo tinha um semelhante.

Se algo assim acontecesse, ele perderia a visão que tinha sobre a ninja mais nova. Mesmo por um momento, isso poderia significar uma brecha importante para ser explorada. Não poderia parar de pressionar, especialmente agora.

Concentrou sua mente, movendo o próprio corpo e se convencendo de que estava em perigo real. Com leveza, pulava e corria, desviando e tentando penetrar as defesas imaginárias.

Qual era a melhor forma de se aproveitar desse tipo de falha? Provavelmente, com um golpe que ele só visse quando ultrapassasse a barreira, e então já estaria perto demais. Suas cobras talvez? Ele teria muito menos tempo para percebê-las e se desviar, e se acertasse, poderiam prendê-lo, criando assim uma outra vantagem.

Suspirou, abrindo seus olhos novamente. Ela não estava pensando em desafios suficientes, e mesmo que suas técnicas tivessem feito uma combinação interessante, sabia que seria muito mais difícil em uma batalha real. Precisava exercitar melhor seu raciocínio.

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Re: [ RP ] The Calling.Sex Jul 08, 2022 12:23 pm

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inda que tivesse nevado tanto, o céu insistia em deixar os flocos caírem, desrespeitando totalmente o treinamento árduo de Suzue. Precisava afiar sua mente para as batalhas que viriam; apenas ter o seu corpo treinado, e com sua mente como atualmente era, estava praticamente usando uma espada afiada para cortar legumes na cozinha.

Então, com um suspiro profundo, encaixou-se em posição de batalha e fechou os olhos, recriando o ambiente que a cercava e adicionando uma figura. Havia enfrentado, pelo menos em sua cabeça, alguém que se concentrava na batalha corpo-a-corpo.

Agora, deveria seguir algo mais difícil, alguém mais avançado, rápido como Setsuna, ou proficiente com todo tipo de coisa e estratégia como Isabel. Dessa vez, visualizou uma mulher, levemente mais alta e esguia. Alguém com uma espada.

Quais seriam seus movimentos? De que forma poderia atacar, e de que forma a Senju se defenderia? Como faria isso sem dar nenhuma vantagem para os próximos ataques que seguiriam?

Imaginando a batalha, seguia esse ritmo como uma coreografia. Essa mulher poderia ter atirado contra ela três papéis bomba, tentando cercá-la e deixá-la desnorteada. Ou até mesmo uma bomba de luz, cegando-a e tornando seu próximo ataque mais vantajoso.

No caso do último, teria de defender seus olhos de qualquer forma, acabando por criar uma brecha. Como poderia resolver esse problema? Talvez se pudesse fazer uma defesa que, pelo menos temporariamente, a separasse da batalha. Algo como uma cúpula? Mas isso não resolveria, já que ela perderia a sua visão e todo seu posicionamento poderia ser colocado em risco caso sua oponente tivesse o conhecimento de como se aproveitar disso. E os oponentes que enfrentaria daqui pra frente definitivamente teriam.

E então? O que poderia fazer?

Raciocinou, tendo o privilégio de treinamento de refletir sobre aquela questão com a batalha congelada em sua cabeça.

Se ela estava sendo afetada, o provável era que o outro também estava. Nesse caso, proteger seus olhos e imediatamente se reposicionar era provavelmente a melhor escolha que poderia ter. Mas caso isso não acontecesse? Como poderia proceder?

Como qualquer defesa seria inútil, um ataque talvez seria uma boa ação para tomar. Com uma área grande, ela poderia afastar a mulher antes que pudesse se aproximar demais, dando a si o tempo para se reestruturar e recuperar sua visão completa.

E nesse caso, teria que ter certeza de pegar os movimentos de seu alvo. Dessa forma, seu fôlego iria se restabelecer e poderia voltar e preparar seus próprios ataques. Respirou profundamente, ainda decepcionada com a própria imaginação, mas concentrada nos enigmas mentais que tentava resolver.

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Re: [ RP ] The Calling.Sex Jul 08, 2022 10:14 pm

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Re: [ RP ] The Calling.Qui Jul 21, 2022 5:07 pm

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xistiam duas regras silenciosamente impostas na casa de Suzue enquanto ela crescia. Primeira, ela não poderia passar pela casa enquanto a avó dela estivesse acordada. Segunda, ela não poderia fazer nenhum tipo de barulho enquanto estivesse entre aquelas paredes. Conforme seu corpo e sua mente foram crescendo, restrita e amarrada à medos que estavam enterrados na parte mais profunda de sua alma, ela se moldou conforme o que lhe pediram. Quieta, vivendo como um fantasma dentro do sótão empoeirado e mofado, roubando seus suspiros da minúscula janela que recebia sol duas semanas por ano.

Mas e agora?

Havia crescido demais para as algemas, rompendo as milhares de vozes e normas pelas quais guiava sua vida. Sentia-se abrindo os olhos pela primeira vez, tomando seu primeiros passos. Um corpo novo, e quando olhava para trás, via uma sonâmbula que ansiosamente se esforçava em apagar toda sua existência enquanto desesperadamente queria ser vista. Ela percebia que, por mais da metade de sua vida, ela foi menos da metade de si mesma.

O caminho que sempre esteve tão claro, delineado com todas as respostas que sua mente poderia pensar na época, agora era uma floresta. Com tantas visões, tantos caminhos, que ela nem ao menos sabia por onde começar. Se o que ela era, era apenas uma sombra…

Quem ela seria agora?

Mesmo que sentisse o inverno se transportando para o seu estômago toda vez que se perguntava isso, não conseguia evitar se sentir animada em descobrir. A primeira jornada que faria por si mesma, a primeira resposta que não leria em um livro ou da boca de um professor.

Olhou para frente, para além da boca da caverna, onde a neve caía gentilmente enquanto cobria o chão. Na porta da morte, ela havia conseguido seu novo recomeço, e agora era totalmente de sua escolha o que faria com isso.

Ajustou o cachecol firmemente em volta do pescoço enquanto pisava fora do esconderijo, se afastando desses pensamentos por um momento para se atentar a algo igualmente importante que estava em seus ombros. A habilidade que recebera, mesmo que tivesse poder, era apenas uma fração de onde realmente podia chegar. E ainda havia um longo caminho até seu ápice.
A anciã das cobras havia lhe ensinado tudo que poderia precisar, e agora, era sua vez de completar sua parte e se entregar para essa questão. Sentou-se sobre as raízes de uma árvore alta, dobrando as pernas e fechando os olhos. Respirou fundo, desvanecendo-se de sua consciência enquanto lentamente absorvia a floresta. Havia masterizado a arte de encontrar o equilíbrio em sua mente, harmonizar seus raciocínios e trançá-los em apenas um, como vários rios que se juntam em uma forte corrente.

Ainda sim, a outra parte do desafio era muito mais forte do que poderia imaginar. Ela se sentia como um lobo, uivando para a lua brilhante no céu. Conseguia sentir os animais e as plantas, a vibração que corria por cada um deles, um murmúrio comum entre todas as criatura vivas ali, uma canção ritmada e perfeitamente compassada onde cada ser sistematicamente tinha seu papel.

Suzue ainda não tinha certeza de qual era o seu.

Ainda sim, continuou em sua saga, persistentemente tentando cantarolando com uma voz que ela ainda não sabia regular para aquela velha e sábia sinfonia. Ainda sim, nenhuma resposta chegava aos seus ouvidos. Sentia o zumbido do seu corpo, ressoando por dentro, expulsando seus esforços enquanto ela tentava moldar aquela energia externa dentro de si.

Entre as coisas que haviam sido transmitidas pelo Ninshu, estavam o segredo do modo sábio qual ela havia obtido: a perfeita balança entre sua energia espiritual e física, e a energia que a natureza provia. Embora ela tivesse atingido esse estágio, em uma ocasião singular, ela nunca havia feito manualmente esse balanço, deixando-a perdida sobre as medidas necessárias. Como tentar fazer um bolo sem receita. Ela sabia que, ao contrário do normal, ela seria capaz de não  sofrer com o excesso de energia natural.

O aprendizado da regulagem dessas forças era algo que precisava aprender antes de tudo para achar o verdadeiro poder dentro do potencial em suas mãos. E bem, e se houvesse uma coisa que não tinha se alterado minimamente com tudo que havia vivido, era a brilhante determinação que acendia em seu olhos.

Levantou, decidindo achar uma nova perspectiva para esse problema.

Voltou sua atenção completa para o próprio corpo, espalhando pelos seus membros e imaginando as suas energias correndo aceleradamente pelos seus músculos, órgãos e pele. Se firmou em ter a imagem perfeita das duas, separadas, percorrendo seus caminhos. Precisava recomeçar e repassar as coisas que sabia. Estava tolamente tentando sincronizar seu chakra com a vida silvestre, mas isso não seria impossível nem que estivesse sentada, tentando por anos. Eram incompatíveis, como óleo e água, não correriam nas mesmas correntes e se repeliam.

Deveria se conectar com o externo ainda mais cedo, para que pudesse eficientemente equilibrá-la com o que havia dentro de si. Respirou, e junto com o ar, puxou aquele zumbido que ficava cada vez mais alto ao redor de si para dentro. Delicadamente deveria se juntar às imagens que anteriormente havia feito, se unindo em uma voz uníssona e completamente nova.

Sentiu aquela sensação em seu corpo novamente, como se as células do seu corpo estivesse se conectando de um jeito completamente novo, um reajuste tão profundo que podia sentir a mudança em seus ossos. Era como se uma nova dimensão se alinhasse ao seu mundo, desencadeando energia, sons, ruídos e sinais que ela nunca havia visto antes.

Antes que pudesse trabalhar tudo aquilo dentro de si, sentiu como se uma onda forte acertasse diretamente sua consciência. Sentiu o próprio corpo quase como em terceira pessoa, caindo para trás com a pressão de uma quantidade massiva de energia sendo absorvida dentro de si.

Seu fôlego falhou, e logo depois seu ritmo de concentração caiu completamente. Sentia-se afogando-se em meio a todos aqueles estímulos, seu espírito tão sobrecarregado que sua visão se enchia de furos e pontos coloridos, os sons infrequentes estourando seus tímpanos. Debatia-se no chão, tentando puxar de volta sua sobriedade para lidar com a situação, tentando achar sua voz e se libertar daquela prisão de sensos.

Com força, apertou as unhas contra a própria mão, fechando os olhos com força e se concentrando completamente na dor da sua palma, lançando uma âncora para uma sensação só e se fechando para todas as outras. Aos poucos, sua respiração começou a voltar, descompassada e ofegante, acompanhando o resto de seu corpo. Agora, apenas sentia o suor frio que escorria pela sua pele e o frio da neve em suas costas.

Deitou sua cabeça, deixando seu corpo se regular por algum tempo, e encaixando as peças da sua última tentativa. Enquanto estava tentando tecer sua energia natural com mais velocidade e do jeito mais prático, havia aberto os portões de sua mente de forma rápida e larga demais. Pelo menos, era isso que ela sentia que teria acontecido, já que agora sentia sua cabeça explodir e parecia que seu cérebro tinha virado uma poça de geléia. Sua capacidade de processamento não estava preparada para lidar com uma quantidade tão massiva de uma vez só. Tinha sorte de não se transformar em uma estátua, ou agora não estaria completamente petrificada.

Como estava agora, não conseguia lidar com todas as informações rápido o suficiente e a partir de certo ponto, as coisas desandam por conta do acúmulo causado pelo fluxo desenfreado. Ela sabia, no entanto, como desacelerar esse processo. Sabia como ir aos poucos, fio por fio e cuidadosamente criar aquele estado dentro de si. O problema? Isso demorava. Muito. E por um resultado muito menor, também. Era muito ineficiente, ainda que tentar acelerar agora estava a deixando completamente inútil.

Com seu corpo estabilizado, voou para diversas opções de como resolver o problema e aumentar a quantidade de energia que seu corpo e alma eram capazes de organizar no menor espaço de tempo. Como? Bem, poderia treinar-se para tornar aquela linha de produção algo automático e instintivo em seu cérebro. Embora fosse algo exaustivo e maçante, era o caminho que precisava trilhar para chegar onde queria.

Mas para fazer isso, antes da repetição incessante que seria necessária para martelar todas as pequenas notas e informações e tornar lidar com tudo aquilo tão simples quanto o próprio respirar, ela sentia que poderia aumentar sua efetividade se pudesse se familiarizar com suas energias. Se seu próprio controle tivesse uma consistência impecável, se ela reconhecesse se reconhecesse em um nível mais profundo, conseguiria com muito mais facilidade trançar aquelas energias de forma equivalente.

E como faria isso?

Bem, ela sabia treinar e usar a parte física e tateável de seu corpo com uma proficiência notável. Não era difícil perceber o quanto dominava seus movimentos, sua velocidade e balanço. Mas sua energia não se compunha apenas de se balançar de um lado para o outro de diferentes formas. Ela havia visto, em pessoa, o quão profundo era o imperceptível a olhos nus. Coisas que abriam portas pesadas sem um pingo de força, impulsos que levavam até a mais inamovível das pedras para longe do caminho.

Aquilo que, na maior parte do tempo, adormecia profundamente sem que nunca alguém tivesse conhecimento de sua existência. A essência que dormente embaixo de sua pele, aquela que ela mal conhecia, mesmo depois de todos esses anos.

Suspirou fundo, sentindo e sentindo seu próprio corpo, os ruídos e exclamações de seu corpo. Afastou o externo, as luzes, e voltou-se completamente para si. Mergulhando de cabeça, era algo silencioso. Sentia a energia fluindo e correndo pelas pernas, pelo torso, correndo para sua cabeça e descendo sua espinha. Tentou se lembrar da vibração, tentou dar uma sensação e uma temperatura, como se nomeasse algo dentro de si para se familiarizar consigo. Foi um processo lento, acolhedor, mas que passou em um segundo para a Senju.

Quando abriu os olhos novamente, o mundo parecia, pelo menos em partes, um pouco mais suave. Suas próprias energias estavam em ordem, e ela estava mais adaptada ao próprio âmago e poder, diferenciando o que era ela e o que era o natural, colocando-se em uma posição de mais conhecimento. Agora, sim, as tentativas incansáveis até escrever o método perfeito de transformação seriam inscritas em cada centímetro de sua consciência.

Afinal, esforço era a base mais sólida que existia, para qualquer habilidade. Para acelerar o processo, pela urgência que existia em sua situação, fez o símbolo necessário com as mãos e surgiram várias cópias dela mesma. Vez ou outra, havia visto Isabel usá-las assim, e sentiu imediatamente o fardo que isso colocava em seu corpo. Eram custosas para criar, mas acenou para as outras, e elas acenaram de volta.

E uma série de tentativas começou. Na primeira, ela acabou por errar nas medidas: Ficou tão cuidadosa para não se sobrecarregar que atrasou o processo, e apenas algumas gotas de poder caíram em sua reserva, não alterando praticamente nada na sua composição e força. Era o outro extremo, e ela já havia percebido que estava pulando entre um e outro. Uma hora, puxava demais, outra, puxava de menos. Sua esperança era que, eventualmente, esses extremos se conectassem em um equilíbrio harmônico, finalmente lhe concedendo o resultado que precisava alcançar.


Justa com seus hábitos, a seguinte tentativa foi um desastre de sobrecarga. Conseguiu administrar o fluxo por um tempo, mas, quando pensou que estava indo bem e tentou incitar uma mudança maior, tudo descarrilou e ela perdeu sua respiração calma de novo. Estava melhorando, mas precisava também ajustar sua velocidade de crescimento. Dar um passo grande demais lhe causaria isso: Derrota e atraso, não era eficiente.


Uma após a outra, caçava os pequenos detalhes que dificultavam o processo. Sua respiração descompassada, um momento de desatenção em que tudo se desfazia, sua energia se embaralhando e expulsando a chegada da essência da natureza, e tantos outros que se foram dias e noites nessa mesma posição, incansavelmente puxando e envolvendo o ambiente que a rodeava no seu corpo e chakra. Como um mestre artesão, passando horas e horas a fio, escondido e entocado em seu esconderijo, olhando para os mínimos detalhes de sua obra e refinando. Tudo para a criação de uma obra prima, toda a atenção e cansaço colocados em prol do nascimento daquela habilidade.

E, dito e feito, se aproximava cada vez mais daquele objetivo. Os extremos começavam a andar, os erros e desregulações se alteravam aos poucos, chegando mais perto de uma balança equilibrada com cada falha empilhada. A persistência continuou, insistentemente tentando não importasse quantas vezes errasse. Era como uma sinfonia, apenas que em vez de ler uma partitura, ela precisava testar e encaixar cada nota da canção, uma por uma, até que compusesse a melodia que queria ouvir.

Enfim, após muito tempo, conseguiu o que tanto desejava: Em alguns momentos, conseguiu reunir e gerir uma quantidade de energia surpreendente e massiva. Conseguia senti-la correndo pelas suas veias, pacificamente se misturando com sua energia e se tornando um poder só. Era como respirar embaixo da água, uma sensação tão poderosa, preenchendo seus pulmões a cada respirar.

Agora, restava aprender a usá-la.


Abrindo os olhos, levantou-se lentamente, sentindo as diferenças tão novas, mas ao mesmo tempo estranhamente familiares, que se apossaram de seu corpo. Um sorriso singelo estampou-se no rosto, genuinamente feliz em ver os frutos do seu esforço. Encarou as mãos, tentando reconhecê-las, se lembrando de tudo que havia feito na última vez que seu corpo se tornou radiante.

Apertou o punho, subindo o olhar para o horizonte do sol nascente e respirando fundo. Havia chegado até ali, realmente. E mesmo que soubesse quanto trabalho ainda tinha pela frente, mesmo que sua cabeça ainda gritasse o quão insuficiente aquilo era e que não podia ser convencida, ela se deixou sentir orgulhosa. Orgulhosa de si mesma, pelo seu esforço, pelas suas conquistas, por ter conseguido chegar até aquele momento.

Foi difícil, exigiu tanto dela que em momentos ela não sabia como seguiria em frente. Mas ela estava ali agora, e ela não precisava da permissão de ninguém para se sentir feliz por isso.

Conforme o sol deixava de beijar a linha do mar, timidamente se distanciando, Suzue enxugou algumas lágrimas do rosto e se pôs para começar o treinamento de verdade.

Manter essa energia em funcionamento durante uma batalha, se acostumar com aquele estado e conseguir usar todas suas habilidades de forma cirúrgica e precisa ainda que estivesse com capacidade totalmente novas. Era isso que precisava. Ainda que houvesse finalmente conquistado esse modo, sabia que, pelo seu modo de treinamento, seu corpo não estava em sincronia. Seus movimentos eram desengonçados, e ela mesma sentia como se estivesse enfrentando a necessidade de aprender a andar novamente.

Bem, nenhum lugar melhor do que onde tudo começou então. Caminhou até o rio, uma parte aberta que sempre foi sua favorita e onde sempre treinava e passava seu tempo. Na encosta, ajeitou-se em posição de combate.

No entanto, quando foi começar a rotina de golpes que estava tão acostumada a dar, sentiu seu corpo ir ao ar e girar, antes de cair de cara no chão. Sua força estava drasticamente alterada, e assim, sua própria percepção e controle completamente desregulados. Não ia mentir, sabia que seria difícil.

Mas ainda sim, soltou um suspiro pesado quando percebeu que até seu chute mais básico era um desafio.

Ações explosivas eram complicadas. Elas irrompem e eram difíceis para capturar e diminuir sua força na porção exata para um golpe poderoso, mas que não arrancasse seu equilíbrio. Então, por enquanto, voltou-se a uma rotina mais lenta e fluida. Como algumas que tinha achado no livro avançado de técnicas de taijutsu, aquelas que falavam sobre controle corporal e eram de movimentação lenta. Aqueles, no momento, ela sentia que seriam seus maiores aliados para descobrir e usar sua força atual.

Repetiu o processo da etapa anterior, criando outras garotas a partir do seu chakra e selos de mãos. Elas sabiam o que fazer. Com elas ali, sabia que seu crescimento seria maior e acelerado, várias experiências acontecendo no mesmo momento.

Os movimentos dessa rotina eram fluidos como a água, e ela sentia as fibras de seu corpo se comportarem daquele modo completamente novo. Era como se a água passasse pelos braços, continuando um caminho tortuoso a cada nova posição que chegava. Sentia seu corpo, a força que estava embaixo de sua pele, a velocidade alterada. Fechou os olhos, guiando sua consciência, lendo o próprio corpo e tentando entender o que estava tentando lhe contar.

Era algo como uma dança, uma coreografia exigente que demandava um senso de balanço impecável. Estava acostumada a alcançar aquele nível, mas ali, naquele momento, era uma desafio impensável tentar calibrar e adivinhar os impulsos e as dobras que seu corpo faria.

Em vários momentos caiu, desviando-se do exercício exigente com que estava comprometida. Viu todas as outras enfrentarem problemas parecidos, e depois de uma tarde inteira, uma delas finalmente conseguiu não desabar. Um sorriso de conquista se estampou no rosto, e ela se desfez, distribuindo a experiência e as sensações para todas as outras.


Conhecendo melhor seu corpo cada vez mais, respirou fundo, recomeçando aquela rotina e, agora, tendo um controle levemente melhor dos seus membros. Uma a uma, outros clones começaram a desaparecer quando descobriram algo interessante ou deram um passo importante para a tarefa em questão.

Assim, ao longo das horas que passavam, Suzue sentia o corpo sob seu domínio, novamente se sentindo si mesma, se sentindo cada grama do poder presente em seu corpo não como algo estranho, mas como algo totalmente conhecido e realmente parte de quem ela era. Uma sensação de conhecimento, familiaridade, e acima de tudo, não conseguia, e nem queria, impedir a leve sensação de satisfação que explorava seu corpo.


O formigamento era uma sensação que estava se acostumando, aquela energia latente fazendo sua pele tremer. Ainda sim, seus movimentos estavam límpidos como a superfície de um lago. Já era anoitecer, mas ela dançava aquela coreografia como uma bailarina, agraciada pelos últimos raios de sol como sua única audiência, os movimentos leves característicos enaltecendo sua forma, fazendo seu corpo parecer uma pena sendo soprada pela brisa. Aquele era seu nível de controle normal, e agora, finalmente, era capaz de alcançá-lo ainda que todo seu âmago sentia a pressão do modo sábio até os ossos.

Para reafirmar seu controle, repetiu as séries de de movimentos explosivos, agora com toda  a dominância que era capaz de exercer, cuidadosamente distribuindo sua força e velocidade para golpes precisos, que não criassem aberturas na sua postura e gerasse o maior impacto que conseguisse com os punhos nus. Assim, pôde ter certeza, com a repetição e manutenção de uma qualidade aceitável ao longo de várias tentativas, que esses mesmos golpes não falhariam quando os precisasse em combate.

Quando finalmente terminou, estava completamente exausta. Deixou seu corpo cair com um som alto no chão, amaciado pela neve, ofegante pelo esforço constante. Talvez, em outro momento, teria dormido ali mesmo. No entanto, nesse dia, sabia que isso não lhe faria bem, e poderia se adoentar pelo frio da madrugada. Se arrastou com dificuldade até a caverna, encontrando refúgio do clima gélido e colocando fogo em algumas toras de madeiras que achou pelos cantos.

Sentia a sujeira se agarrar à sua pele e suas roupas, e tudo que mais queria era sentir-se limpa e quente, realmente quente, sem pedra fria para roubar seu calor. Sua saudade da vila, antes alimentada pela ansiedade e o medo, agora era bem mais fraca, se fortalecendo no desconforto e nos perigos que essa terra oferecia. Mal podia esperar para que resolvessem tudo por aqui, e quantas coisas faria com Isabel.

A parceira invadiu sua mente nesse momento, e sentiu seu corpo fisicamente relaxar ao lembrar dos momentos que compartilharam juntas. Ela realmente fazia valer a pena cada momento de treino, se isso pudesse fazer com que Suzue finalmente a alcançasse. Ansiosamente pensava nas duas saindo para experimentar a nova loja de sushis que Suzue sabia que a quieta menina gostava, poder andar pelas ruas juntas sem medo. E bem, se suas bochechas se coraram levemente quando lembrou dos olhos brilhantes como safiras a encarando com um sorriso tímido, algo tão bonito que parecia ter sido desenhado com um pincel… Ninguém viu, então nunca aconteceu.

Sonolenta, a menina caiu em sono profundo, planejando a próxima etapa do seu treinamento e caindo da tentação de imaginar cenas de futuros distantes, vagas e esperançosas.


A manhã veio depressa, com raios tímidos de inverno afagando seu rosto. Abriu os olhos lentamente, se levantando e esticando seu corpo, acostumada com as dores que implicava dormir na caverna escura. Assim, a menina de cabelo de cerejeira encarou a floresta congelada que a cercava, timidamente desejando que aquele fosse um bom dia. Seu corpo ainda estava levemente dolorido, mas ela estava se esforçando para viver manhãs mais alegres e bem humoradas. A medida do possível, pelo menos, com tudo que estava dentro da sua área de controle.

Deu seu primeiro passo do dia, com o pé direito, e imaginando onde iria treinar. Embora gostasse do rio, gostaria de um local diferente, um pouco mais espaçoso. Ela teria de treinar seu uso de chakra, já que assim como acontecera com seu corpo, ela suspeitava que seu autocontrole e regulação enquanto estava em sua nova forma eram muito ultrapassados e perigosos de se usar em combate.

Diferente de quando havia chegado, a neve eliminava todo o caminho batido de terra, sendo muito mais difícil perceber rotas comumente usadas pela região. Para sua sorte, ela havia chegado antes do gelo, então conseguiu memorizar as áreas isoladas e as áreas movimentadas. Havia um local, no entanto, que havia apenas visto de longe quando subiu em uma montanhas para seu treinamento. Um lago, em meio a uma clareira, que devia ser grande o suficiente para um bom espaço de treinamento. Principalmente agora, que provavelmente estava congelado.

Se orientou pelo sol para seguir a direção escolhida, logo alcançando o olhar ao lago. Era de tirar fôlego, a vista do céu pálido iluminando o grande ponto de gelo no chão, totalmente destoante das árvores escuras e de aparência morta que havia até ali.A luz se espalhava por todos os lugares como se passasse através de um diamante, como se a lua houvesse descido à terra e tocasse timidamente tudo que chegasse perto, cedendo um aspecto reluzente e fulgurante. Fez uma nota mental de mostrar o lugar para Isabel depois.

Andou lentamente até o centro, tomando cuidado para não cair em nenhum lugar onde a camada de gelo estivesse mais fina, sempre preparada para enviar seu chakra e criar a pressão necessária para se manter em pé. Alguns estalos lhe deram pequenos sustos quando colocava seu peso, mas por sorte ela não se afundou em água gelada em nenhum ponto.

Quando chegou, fechou seus olhos lentamente, sentindo o frio que acariciava suas bochechas e a ponta do nariz. Estava se conectando consigo mesmo e tudo que estava em volta, acumulando e empilhando aquelas experiências silenciosamente até ouvir o chamado que procurava ouvir. Como um convite velado, discreto, um pequeno fio para ser puxado. Suzue o agarrou, trazendo-o para perto, trazendo todo aquele poder natural para dentro de si.

Quando abriu os olhos novamente, brilhavam em um cinza tão frio quanto o inverno que a rodeava, marcas espalhadas pelo rosto que denunciavam a mudança no fluxo do seu chakra.

Respirando fundo, pensou sobre o que fazer para começar. Sabia que estava acostumada a fazer clones naquela forma, então seria interessante treinar enquanto os mantinha ao seu lado, aumentando seu conhecimento ao fazer, praticamente, várias vezes ao mesmo tempo. Com um selo, formou várias cópias de si mesma, e elas se espalharam pelo lugar.

Agora, qual jutsus seria o melhor para treinar seu controle?

Revirando sua cabeça por todas as técnicas que conhecia, se lembrou de uma, que especificamente serviria muito bem para a tarefa em mãos. Shinsu, a técnica defensiva que havia criado recentemente, era complexa de controlar e formar. Com certeza, se obtivesse sucesso em dominá-la, seu conhecimento seria testado e colocado à prova de forma que todas as outras viriam com facilidade.

Respirando fundo, começou o processo de puxar seu chakra e fundi-lo para a forma necessária. Logo de cara, no entanto, encarou um problema. Não estava acostumada com o volume e espírito que fluía pelo seu sistema, nem tinha certeza de como lidar com isso da maneira que precisava. Respirando fundo, juntou um pouco daquele energia dentro de seu âmago, cutucando gentilmente para sentir a reação que conseguiria. Era algo diferente da onda que normalmente a tomava, algo mais denso e muito mais forte, quase a fazendo cair.

Era algo poderoso, e ela podia sentir cada fragmento de si inundar os seus ossos e o seu corpo. Precisava de um controle, de reagir no mesmo ritmo e força, de dançar na mesma música que seu chakra estava cantando.

Como sua primeira tentativa, a casca que deveria envelopar o seu corpo sentia pequena. Estava muito rápida, muito forte, sua energia se comprimia e tirava seu fôlego, como uma roupa apertada demais. Toda vez que tentava relaxar, ela se alargava, deixando o espaço entre sua pele e a água muito maior do que este precisava ser.

Definitivamente não conseguiria lutar com uma armadura como aquela.

Respirou fundo e tentou novamente. Agora, com mais calma, com mais cuidado. Demorando seu tempo para aprender como fazer, para adquirir a prática e as respostas. Ouvindo atentamente a melodia da sua própria energia, invocou-a com gentileza para cobrir sua pele, pairando por centímetros acima do seu corpo. Com calma e paciência, prestou atenção em cada etapa do processo para ter certeza da receita e descobrir os enigmas que vinham com essa nova forma. Cada lacuna de informação era apropriadamente cuidada, cada pergunta com sua devida justificativa.  Alguns clones, à distância, se desfaziam, ajudando na sua jornada, contribuindo com outros pedaços da imagem completa.

Era como guiar um rio, tendo certeza que estava caminhando pelo caminho em que ele poderia correr mais rápido, melhor e mais ágil. Sorrateiramente, o escudo começava a surgir, cobrindo seu corpo e colorindo sua silhueta de azul claro. Sentia seus movimentos livres, ainda mais leves que o normal. Precisaria aperfeiçoar, acelerar o processo para que a proteção se erguesse tão rápido quanto um piscar de olhos, mas o resultado estava ali. Tudo em si estava entrando no eixos, como uma engrenagem, empurrando-se e ultrapassando barreiras que antes pareciam tão altas.

Dentro de si, fluía tão facilmente que parecia até que deixava seu corpo mais leve. Nenhum outro clone ainda estava de pé, e ela sentia borbulhar cada parte do seu corpo. Uma euforia, adrenalina, começou a correr junto com seu sangue. O sentimento de poder, ainda que soubesse que tinha tanta estrada pela frente, a fazia ficar empolgada. Finalmente, alcançando as alturas que sempre quis chegar.

As metas que antes pareciam tão longe, que haviam afirmado para ela que nunca seria capaz de alcançar… Bem ali, ao seu alcance. Por um momento, sua mente vagou. E isso foi todo o tempo necessário para se lembrar da foto, a foto grande da sua mãe que ficava na sala. Era proibido, ela sabia. Ela não podia querer nada de sua mãe, alguém tão incrível, que ela nunca alcançaria, e…


Se perguntava se, se fosse sua mãe ao lado dela, ela se sentiria orgulhosa. Se ela gostaria de sua atitude, o que ela pensaria sobre seus hábitos e sua paixão por doces. Se sentia tentado a imaginar uma mulher sorridente, orgulhosa. Uma figura que nunca havia conhecido, braços quais desesperadamente queria encontrar quando era mais nova. Será que sua mãe oferecia o abraço dela?

Seu avô havia falado dela, uma vez. Com lágrimas nos olhos e muita dor, ele contou sobre como ela era destemida, forte e bondosa. E que, quando a pequena garota cerejeira veio ao mundo, ela se sentiu tão encantada com sua voz que lhe deu nome. A mesma voz que havia sido censurada diversas vezes. Mas se sua mãe tivesse amado, talvez se tivesse vivido… Talvez tivesse tido uma infância muito diferente. Era doloroso pensar nisso, era doloroso comparar com o jeito que havia chegado até ali. Esses “e se…” machucavam mais do que qualquer soco, qualquer chute.

Não conseguiu se conter. Era como se tivesse quebrado uma parede invisível, caindo com tanto força que eletrizou seu corpo por inteiro. Perguntas e mais perguntas, que nunca teve tempo, não, que nunca se permitiu fazer. Saudade que nunca imaginou que poderia ter. Imaginava como ela era, do que ela gostava. Será que ela gostava de doces também? Ou então preferia coisas apimentadas?

Tantas coisas que nunca pôde descobrir, e que agora saiam de todos os cantos de sua consciência que conseguia imaginar. Ela sabia que não era muito parecida com ela, provavelmente havia puxado seu pai. Outra figura misteriosa em sua vida. Ninguém falava muito sobre, então sempre imaginou que ele houvesse fugido.

Existiam tantas coisas que não sabia, que não entendia. Sobre seu passado, sobre ela mesma, sobre seu futuro. Até mesmo seus próprios sonhos. No melhor dos casos, ela precisava descobrir segredos antigos. No pior, ela precisava criar as respostas mais difíceis, algo que nunca havia feito antes. Decidir. Por si mesma, sobre seu próprio futuro.

Com um impulso, se jogou pelo gelo, rodopiando e girando sem nenhum padrão aparente, deslizando e tentando exorcizar a agonia crescente dentro de si, atravessando a linha da floresta e correndo pelas árvores, em direção à alta montanha. Seu coração parecia que iria sair pela boca, mas corria ainda mais rápido que o vento. Queria mudar o passado, queria saber o futuro, a lancinante verdade de que mesmo que tivesse aberto seus olhos para a verdade, ela não conseguia mudar o que já aconteceu. Antes de perceber, estava encarando a linha do horizonte, enquanto o sol se deitava para descansar.

As trevas que consumiam a terra eram lentas, e estranhamente pacíficas. Se sentou, assistindo ao pôr do sol, e pela primeira vez, cantando sem nenhum medo. Uma música adormecida em seu coração, a pequena música que vinha da caixinha de música esquecida no sótão, uma melodia calma que acalentava seu coração nas noites mais escuras.

Sua voz saía fraca, por vezes perdendo o tom. Aqui, tão alto na montanha, tinha certeza que ninguém lá embaixo seria capaz de ouvi-la. Ainda sim, tinha medo. Medo dos gritos, um medo que corria seus intestinos por dentro, por mais sem sentido que ele fosse. Um sentimento que desesperadamente trancava sua garganta, sufocava toda e qualquer tentativa de se libertar que tentasse.

Pelo menos, era assim que se sentia antes. Agora, fazia quase cócegas. E o lugar machucado em seu coração se expandia, crescendo e engolindo todas aquelas partes de si que nem ela mesma havia visto. Lágrimas desciam uma após a outra, e ela sabia que eram de um sentimento complexo. Em suas mãos, estava o poder de ir muito mais além do que ela acreditava que conseguia, do que sua avó achava que ela era capaz. Ela havia conseguido se libertar, ascender até depois, e estava orgulhosa de si mesma. Finalmente podia sentir, podia ser alguém que não uma fantasma.

Ainda que lhe atacasse aquele medo velho, sabia que poderia enfrentar a tempestade e sair triunfante.

Mas e agora? Para onde iria?

Essa era a pergunta da qual estava fugindo, da qual estava temerosa. O que faria? O que seria? O que ela realmente desejava, que estava em seu coração? O sol se punha, e assim como a floresta, ela se sentia encarando um breu sem fim, sem saber o que encontraria. Ou o que a encontraria lá dentro.

A música era baixa, um conforto pessoal, o seu primeiro passo. A música que nunca pôde sair, pelas suas proibições, e que agora melodiosamente enchia o ar com o ritmo da voz doce. Seu primeiro desafio, primeiro passo em direção ao futuro incerto que estava se propondo a explorar.

O sol se foi, e a lua brilhante recepcionou as confusões de Suzue com o mesmo brilho pálido de sempre. Com um suspiro, ela se recuperou. Era uma aventura totalmente nova, e com certeza seria a mais emocionante da sua vida. Ela tinha tantas coisas para descobrir, várias coisas para desvendar. Sobre o mundo, sobre ela…

Ela acreditava na força que tinha dentro dela, ou pelo menos se esforçava para isso.

Levantando, agitando a poeira de sua roupa, voltou para a caverna. Ainda havia de treinar, com certeza, mas por hoje poderia deitar sua cabeça no travesseiro sabendo que tinha a chave para o controle do novo poder que recebeu.

Sua forma de volta ao normal, ela correu pelas árvores, trilhando o caminho familiar até o esconderijo. Pelo vento frio, ela apostava que iria nevar durante a noite, e provavelmente seria o inferno sair amanhã.

Um som ressoou levemente pela floresta, a distraindo do caminho. Pareciam passos, acelerados e na mesma direção que estava seguindo. Sem demora, subiu em cima da árvore, se escondendo entre os galhos secos e torcendo para que, se fosse um ninja, não olhasse para cima. Logo, uma sombra passou, alguns metros além do caminho que estava seguindo, pulando entre os braços da floresta. Ela não conseguiu ver nenhum símbolo da vila névoa, então se acalmou um pouco, mas continuou quieta entre os galhos até ter certeza que havia passado.

Preocupante. Se tivesse alguém rondando por aí, isso poderia significar uma série de problemas para Isabel e Suzue. Tirando o esconderijo da cabeça, ela precisava averiguar isso, e o risco que isso seria para elas. Só de imaginar um problema na direção de Isabel por conta disso… Sentia seu sangue fervendo levemente, uma resposta tão profunda e certa de que ela não deixaria aquilo passar de jeito nenhum.

No entanto, ela sabia que rastrear no escuro era uma perdição para ela, ainda mais sem pegadas. E não conhecia o inimigo, então poderia estar perseguindo uma armadilha. Decidiu sair para longe, e voltou para o lago de antes. Se algo a achasse, estava em um campo aberto o suficiente para perceber antes que chegasse, e longe do esconderijo para não arriscar que o descobrissem.

Apenas rezaria que a neve da madrugada não a adoecesse. Construiu um pequeno abrigo improvisado, fugindo e se protegendo do pior do frio, em um canto escondido do rochedo que ficava por trás do local onde passaria a noite.

Acordou muito antes do nascer do sol, levantando rápido e destruindo todo o rastro que poderia ser lido daquele local. Aproveitou as últimas horas da noite para treinar e repassar seus jutsus, tendo certeza da velocidade e da regulagem de todos os seus movimentos, antes de partir em direção a onde tinha visto a figura antes.

Tudo parecia normal, embora a neve estivesse muito mais fundo do que o agradável para caminhar. Intocado, até. Sem nenhum sinal, à primeira vista. Mas Suzue não desistiu tão fácil. Continuou sua procura na direção que tinha visto antes, achando, ás vezes, algum galho arranhado ou torto por causa do peso mal calculado quando pisaram. Com certeza não era alguém extremamente habilidoso, já que esse tipo de coisa não era feita com ninjas bem treinados.

Ao andar naquela direção, no entanto, tudo que ela achou foi um precipício onde terminava a trilha. Mesmo revirando a neve de lá, tudo que achou foram rastros de papel queimado.

O que havia acontecido ali?

Pedaços totalmente desconexos estavam na mesma pintura, tornando difícil entender exatamente para o que estava apontando. Não seria nenhum dos países maiores, não com as pistas e coisas que havia encontrado. De qualquer forma, essas coisas poderiam ser bem ruins para ela e Isabel se fossem achadas por outra pessoa.

Achou todos os pedaços de papel queimado , revirando a neve até sentir que seus dedos fossem congelar, guardando para se livrar de todos eles de uma forma mais segura. O rastro não era tão preocupante, já que não passava pela caverna, e talvez até fosse atrasar alguma possível investigação no local.

O vulto não estava em nenhum lugar para ser visto, e mesmo que estivesse preocupada, Suzue sabia que tinha coisas ainda mais importantes para resolver.

Notas:

winter





Suzue
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Re: [ RP ] The Calling.Sex Jul 22, 2022 10:59 am

Olá, Suzue-chan!

Esse é provavelmente o texto mais bonito que eu já li e a narrativa mais interessante desde o nascimento deste fórum. Meus parabéns, de verdade. Não somente a Suzue evoluiu, como a escritora que da vida a ela demonstrou um domínio tão grande da língua portuguesa e das suas infinitas possibilidades de combinação e sentidos para dar origem a um texto impar, sem igual. Me encantei em como ele trata sobre a saudade da mãe da Suzue, como ele desenvolve o motivo pelo qual ela treina e se esforça. É interessante ver que você aprendeu muito sobre o mundo de Naruto, ao ponto em que seus treinos não somente fazem referência à certos detalhes menores da trama, como o fato do treinamento demasiado com os clones cansarem o shinobi e também que exagerar com eles no treino do Modo Sábio pode te fazer virar uma estátua, como também inserem uma certa delicadeza e até espiritualidade nesses temas, destrinchando as raízes do chakra e a conexão dele com o espírito da sua personagem. Novamente, meus parabéns, você foi absolutamente e incontestavelmente magnífica. Espero que você e Suzue estejam orgulhosas de onde chegaram. Por conta da narrativa, lhe concederei adicionalmente +1 ponto em Ninjutsu, limitado a este valor unicamente por ser um treino só, visto que em questão de mérito merecia muito mais.

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Re: [ RP ] The Calling.Ter Jul 26, 2022 11:10 am

The Calling
Solo / Kiri / Inverno, 1245
E
O som dos pássaros, característico da primavera, ainda estava muito distante pro gosto da menina cerejeira que tentava se esquentar na caverna gelada. Se aproximou da fogueira, aproveitando os últimos segundos do calor do fogo antes de ter que caminhar na direção do frio e continuar seu treinamento. Com isso, apagou as chamas para não desperdiçar a pouca madeira, fazendo uma nota mental de que faltaria lenha logo logo. Se elas continuassem ali, é claro. O momento final da viagem se aproximava do fim, e ela nem mesmo precisava ter ouvido isso de Isabel ou da organização, dava pra sentir nos ossos.

Um dos seus últimos treinamentos, antes do teste final.

Caminhou ainda mais profundamente na caverna, fugindo da nevasca que rondava o lado de fora. Esticando os braços, o pescoço, sentia seus músculos se tornarem mais flexíveis e seu corpo mais acordado para começar o exercício. Parecia certo, como seu último momento, usá-lo para aperfeiçoar o que mais havia aprendido nesse território estranha: A arte de manipular chakra, e usá-lo ao seu favor. Já havia aprendido diversas coisas na área, então para realmente se preparar, ela precisava de uma última: Aprender a usar todos, da melhor forma possível, enquanto lutava e simultâneamente.

A caverna, nesse ponto, era como um grande salão abandonado. O lugar era imenso, com espaço de sobra para o tipo de treinamento que tinha em mente. Suas habilidades haviam evoluído muito, mas não tinha tido muita experiência em colocá-las em prática ainda.

Então, com um último suspiro, iniciou o programa em sua cabeça. Precisava derrubar e derrotar seu inimigo imaginário, tirando vantagem de todo o arsenal. Por primeiro passo, cobriu-se com a armadura de água que havia desenvolvido, se preparando para um possível golpe. Com isso, poderia lutar com uma segurança maior, com menos riscos de um ferimento grave a tirando de combate.

Mas não podia enrolar.

Seu oponente poderia se aproximar, ou atacar a distância. Mas seria ainda melhor se ela propusesse a luta, ditava o ritmo do combate e suas regras. Seria perto quando quisesse, e longe quando bem entendesse. Com esse entendimento em mente, fez uma rápida análise das técnicas possuía, se lembrando de uma específica. Com ela poderia manipular o ambiente, criando a possibilidade de forçar movimentações do inimigo. Em um segundo, várias estacas surgiam no chão, cobrindo-o como uma cama de espinhos. Rapidamente, sem nenhum tempo para respirar, trouxe um enorme torpedo de água para cima, mirando o ar acima do chão. Sentia a pressão do uso de energia em seus ouvidos, mas já estava mais resistente e habilidosa, e assim, os dois jutsus se harmonizaram com facilidade.

Mas isso era algo que já sabia fazer. O que realmente precisava achar era a melhor maneira de usá-los, em uma luta de verdade. Mesmo que o chão se cobrisse de estacas, para ganhar um ataque certeiro, precisava de mais distrações. Fatores que lhe garantiriam uma brecha, uma abertura concreta para explorar.

Como fazer isso? Bem, sabia que tinha capacidade de usar ainda mais técnicas. E se não estava usando, quando se encaixava algo que poderia ajudá-la, estava desperdiçando tempo. Realizou o primeiro processo, que tentava empurrar e forçar seu alvo a pular, e agora também adiciona uma grande esfera de água que possuía vários chicotes, alvejando de todo tipo de direção. Com sua consciência, tentava imaginar os movimentos de esquiva, seu oponente tentando correr para longe. Se esforçava para controlar a direção e movimentos dos tentáculos, em movimentos ascendentes e baixos, tornando cada vez mais complicado que ele tocasse o chão. Desse jeito, ele realmente se tornaria mais vulnerável em pleno ar.


Precisaria de muitas estratégias como essa para realmente derrotar alguém, mas por enquanto, decidiu se sentar e recuperar um pouco do fôlego. De qualquer forma, também havia outra coisa que precisava fazer.

Recentemente, havia adquirido uma marca em sua mão direita, um selo simples para armazenamento, inspirado nos makimonos que guardava. Seu plano era usar seu conhecimento para otimizar sua luta, e para isso, precisaria dessas armas em fácil alcance.

Puxou uma kunai primeiro, tocando-a e imbuindo sua energia para marcá-la, conectando-a ao selo. Fechou os olhos, se concentrando e tentando se guiar para trancar aquele item, para que pudesse retirá-lo facilmente. Fazendo isso pela primeira vez, estava um pouco nervosa, mas ainda sim, a kunai não estava lá quando abriu seus olhos. Sentiu um formigamento e um pouco de calor na marca.

Satisfeita, fez a mesma coisa com seu arco Auri-El e o seu bastão.

Notas:

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Re: [ RP ] The Calling.Qui Jul 28, 2022 3:27 am

Olá, Suzue!

Treinamento simples, porém é a base necessária e sem muitos rodeios para um treino de ninjutsu: o uso combinado das técnicas. Parabéns!

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Re: [ RP ] The Calling.Sáb Out 08, 2022 11:30 am

The Calling
Solo / Kiri / Inverno, 1245
E
m meio à palidez do inverno, a figura esguia de uma menina se misturava nas silhuetas das árvores nuas. Pelo seu braço, uma gota de sangue deslizava pela pele fria antes de gotejar na neve, maculando-a de carmesim. Era perto de humanamente insuportável a temperatura do país do nevoeiro, a nevasca soprando cada vez mais perto de seu ouvido e se infiltrando por baixo dos agasalhos, se agarrando aos seus ossos com cada vez mais força.

Suzue sabia que isso tudo teria um fim logo. A apreensão da missão crescia cada vez mais, e tinha reparado nos burburinhos sobre as várias peças, pessoas e argumentos que sua amiga havia reunido contra o atual Mizukage. Era questão de tempo que surgisse a oportunidade de finalizar tudo isso, e assim, afiar sua mente era uma atividade cada vez mais crítica.  

O frio tentava roubar sua atenção, provocando sua consciência com a imagem da caverna aconchegante, mas Suzue se recusava a trocar seu foco. Precisava ter sua atenção, seu raciocínio, tão claros como o céu de verão em qualquer momento, sob qualquer circunstância, sob qualquer aflição. Não sabia que provações precisaria superar, e isso tornava seu preparo ainda mais difícil: sentia em si a necessidade de esperar o inesperado, de superar o inimaginável.

Correndo por sua mente, diversas de milhares possibilidades e desafios corriam, cada um crucialmente podendo significar sua falha naquela missão ou até mesmo a morte daquela que amava.

Com um símbolo de mão, invocou dezenas de clones, cercando-se e levando os punhos, levantando postura de batalha, sendo espelhada por todas as suas versões em uma fração de segundo. Vieram em sua direção no momento seguinte, se dividindo em cortar suas rotas de fuga e minar sua defesa. Com o frio atrasando seus pensamentos, sua resposta veio tarde demais.

O cansaço, o vento, tudo que a rodeava era um peso que sentia arrastando-se e pesando seu corpo. A visão era crescentemente complicada, as informações viajando pelo sua cabeça de forma letárgica e confusa. Apertou os olhos quando levou o golpe no estômago, o rompante de dor cortando a cortina de dormência e clareando sua posição. Suas costas tocaram o chão, amortecido pela neve, e o gelo a fez sentir vontade de embrulhar em algo muito menor que ela mesma.

Ele a agarrava, segurava em sua pele, em sua consciência, uma constante lembrança do que poderia acontecer quando falhasse, quando caísse, quando parasse de correr.

Então ela correu. Encarando para cima, observou os olhares esmeraldas se refletirem para ela, e pulou de volta à luta antes que pudessem lhe desferir um novo golpe. Ignorou o uivo do vento, os beijos de neve cada vez mais agressivos em seu rosto, e absorveu cada informação, cada intenção de golpe. Respirou e inspirou a batalha, deixando o sangue e a adrenalina algente tomarem sua consciência. Uma corrente de fatos para seguir, para prever e reagir.

Dois inimigos pela sua esquerda, atacando simultaneamente e mirando tanto sua cabeça quanto seus joelhos, enquanto uma investida se aproximava do lado oposto. Saltou para trás, apoiando suas mãos no chão e rapidamente atingindo e transformando em fumaça os três oponentes. Antes que pudesse raciocinar seu próximo movimento, assim que novamente seus pés tocaram o solo, percebeu o movimento de punho vindo rapidamente, a figura flutuante que já estava a menos de um metro, e provavelmente percebeu que estaria em uma posição complicada naquele momento. Seu equilíbrio estava afetado, e com ele, era complicado rebater tal movimento.

Precisava pensar, mas tinha apenas alguns milésimos antes de receber o golpe em sua inteireza. Se estava vindo por cima, e tentasse desviar desse caminho, tinha grandes chances de falhar e abrir ainda mais uma diferença. Precisava de uma saída, e em um instante, lembrou das camadas de neve que quase atingiam sua panturrilha, o cobertor branco e escorregadio que cobria a terra. Assim, jogou seu peso todo para frente, dobrando seus joelhos para diminuir sua altura enquanto abaixava seu torso e deslizando com o auxílio da neve, vendo o soco passar alguns milímetros do topo de sua cabeça.

Assim que ouviu o som do clone desaparecendo atrás de si, levantou o torso o mais rápido que pôde novamente e refez sua postura, voltando a trocar socos e chutes com suas outras versões. Frequentemente a encurralavam, frequentemente a atraíam para situações de defesa complicada, usando a vantagem pesada dos números para atingir a kunoichi. A nevasca continuou se aproximando, e agora, até mesmo ouvir os passos e movimentos era muito complicado.

Em vez disso, Suzue sentia-se brigando dos dois lados. Precisava não só perceber, absorver as informações, mas prever as ações dos inimigos. Precisava mecanizar e raciocinar muitas vezes mais, agora que seus sentidos estavam consideravelmente reduzidos. Cada soco era uma anotação, um lembrete. Das diversas formas que seu inimigo poderia agir, não só interpretando sua silhueta, mas aprendendo seus padrões e manias.

No caso, aprendendo muitas de suas próprias manias.

Analisando a si própria, agindo como sua inimiga, aprendendo a fronte da estratégia enquanto ela mesma lapidava suas habilidades, interpretava o papel de inimiga e se via por outros olhos, de um outro ponto de vista.

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Re: [ RP ] The Calling.Dom Out 09, 2022 9:46 am

Olá, Suzue!

Excelente escolha de narrativa no treinamento. Lhe daria um ponto extra em Taijutsu, mas você já maximizou esse atributo. Parabéns! Continuem com esse empenho.

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Re: [ RP ] The Calling.Dom Out 09, 2022 7:09 pm

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escuridão foi muitas coisas para Suzue ao longos dos anos, uma das poucas constantes que existiam em sua vida. Quase nunca eram coisas boas.

E agora não era diferente. Sentia seu corpo dilacerado, gritando por um segundo de descanso depois de tanto empurrá-lo contra seus limites, mas todos os cabelos em sua pele se arrepiaram quando entrou na caverna escura. O sono simplesmente desvaneceu, deixando apenas o barulho de adrenalina e pequenos e sutis tremores em seus dedos. Com pressa, quase sem pensar, formou o jutsu que traria luz para o lugar, e organizou rapidamente uma fogueira em um local longe dos ventos gelados, desativando a luz de chakra quando o ambiente se acalentasse com o fogo.

Se aninhando perto das chamas, as observou dançar. Dali a poucos dias, a rotina com qual estava quase acostumada iria embora. O que aconteceria com ela então? Como enfrentaria sua vó, como iria conseguir sair daquela ilha? As perguntas se amontoavam, preocupações e ansiedade consumindo suas entranhas. Ainda sim, sua exaustão superava em muito seus sentimentos, que foram abafados pelo calor das chamas e sua luz.

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Re: [ RP ] The Calling.Qua Out 12, 2022 9:54 pm

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onforme o fogo crepitava, Suzue encarava as paredes da caverna. Com suas costas viradas para as chamas, sua silhueta na pedra era demarcada claramente do resto da escuridão. A nevasca gritava do lado de fora, violenta e implacável. E do lado de dentro, uma garota perdida do outro lado do mundo, procurando respostas na sombra que possuía seu formato. Já havia se passado um tempo desde sua visita ao lar das cobras, mas ainda sim, momentos como esses eram difíceis. Momentos onde era apenas ela, o frio e a escuridão para lhe manter companhia; onde era difícil dar o primeiro passo, começar a correr para longe de todas aquelas perguntas.

Por sua sorte, outra deu esse passo para ela.

Ouviu o som de atrito contra as pedras apenas alguns momentos antes do impacto, rolando para o lado para desviar da investida. Virou-se rapidamente, imaginando se havia sido descoberta por algum soldado… Apenas para achar um animal peludo, rosnando enraivecido em sua direção e em postura para atacar novamente.

Um lobo? Deu um salto para trás, subindo na parede alguns metros e assistindo a criatura latir em sua direção. Isso com certeza a havia pego de surpresa. Essa caverna não era habitada, tinha certeza que teria se encontrado ou visto um em algum outro momento se houvesse. Então por que esse animal estava aqui? No meio de uma nevasca tão rigorosa, ainda por cima. Nada se arriscaria assim, de forma alguma.

A fera continuava sua peleja, sem desistir por um segundo. Seus olhos eram focados na kunoichi, mas seu nariz constantemente tremia, um ponto quase vermelho vivo no meio de seu rosto. Suas orelhas estavam para trás da cabeça, e todo seu corpo era coberto por fios cinzentos, salvo do rosto que clareava em alguns pontos. Sua boca estava repleta de dentes afiados, prontos para arrancar um pedaço de carne de seu corpo, e percebeu tanto que se tratava de um lobo relativamente jovem como estavam limpos de sangue e restos mortais.

Semicerrou os olhos, tentando buscar algum tipo de pista na besta que latia e a tentava alcançar. Sua pelagem grossa era perceptível pela forma que pulava, com certeza um lobo acostumado com o frio, então provavelmente se tratava de um animal nativo. Suas pernas estavam pintadas de vermelho, diluído com a neve que derretia aos poucos com seu calor corporal. Embaixo de suas patas, machucados pareciam sangrar sem parar. Nesse estado, esse animal provavelmente estava correndo naquele tempo por algumas horas antes de acabar nessa caverna. Virou-se para a entrada, percebendo o rastro que pintava de carmesim e seguia para fora.

Intrigada, se esforçou para ouvir com mais atenção seus latidos, quais rangiam, criando um som definitivamente anormal para lobos. Talvez por conta da neve, mas era mais provável que estivesse fazendo muito mais barulho do que normalmente faria, já que não imaginava que existisse algo como resfriado para os caninos. Cada vez mais, parecia que se transformava em um uivo desesperado, um grito esganiçado que se esforçava para romper seus tímpanos.

Predadores não caçariam em meio uma nevasca tão pesada, todo animal estava agora entocado e protegido, esperando a fúria da natureza se aliviar, e com certeza não estaria alertando sua presença para suas possíveis presas dessa maneira. Nada naquele animal e sua presença fazia sentido, e quanto mais tentava observar, mais um mistério se tornava.

Podia se tratar de estar doente, talvez que tenha sido expulso ou abandonado por sua matilha. Sabia que a vida selvagem era cruel, e lobos era animais sociais. Ver um lobo sozinho era uma coisa rara de se encontrar, e ainda mais de ver invadir um território desconhecido para ele assim.

Tentou descobrir algo sobre isso prestando mais atenção em seus detalhes, tentando pegar algum detalhe estranho em suas pupilas ou algo que indicasse algum tipo de doença. No entanto, não apresentava nenhum sinal de enfermidade, e até mesmo com as patas sangrando, aparentava estar em seu ápice de condição física.

No entanto, quando o lobo tentou saltar mais uma vez, reparou que era, de fato, uma loba. E com uma ninhada de filhotes, que ainda amamentava ou havia parado há pouco tempo, pelo inchaço que o leite ainda muito presente em seu torso. Com base nas coisas que havia percebido, formulou uma teoria: Essa fêmea provavelmente teve uma ninhada de filhotes recentemente, e pelo fato de que estava sozinha, talvez sua primeira depois de sair da sua matilha original. O pai, que deveria estar por perto, poderia ter falecido de alguma forma antes que os filhotes pudessem crescer.

Cuidar de uma ninhada de lobos é complicado, com certeza, mas não impossível para um predador desse porte. No entanto, essa mãe estava agora desesperada e sem seus filhotes, o que poderia apenas significar que os estava procurando.

Um grande número de coisas poderia ter ocorrido. Desde terem sido vítimas de outro predador, até estarem simplesmente perdidos em meio a nevasca. E em qualquer uma dessas opções, a chance de estarem vivos era escassa. A loba, desesperada, continuava latindo aos seus pés.

Naquele momento, isso soava como uma intimação para a ninja.

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Re: [ RP ] The Calling.Sex Out 14, 2022 11:38 am

Olá, Suzue!

Gostei do mistério desenvolvido através da narrativa e como utilizou perfeitamente o atributo treinado para analisar a criatura e os motivos que levaram-na até ali. Lhe darei um ponto extra em percepção pela ótima narrativa como um incentivo para que continue extraindo mais de si. Parabéns!

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Re: [ RP ] The Calling.Ter Out 18, 2022 10:05 pm

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e você estivesse realizando o impossível, qual seria seu primeiro passo?

Suzue encarava a tempestade com isso em mente. A nevasca apenas piorava a cada minuto, e com ela, as chances de sobrevivência do pobre filhote. Havia desmaiado a loba mãe e a amarrado, já que se a soltasse provavelmente se mataria lá fora. Aninhou-a perto do fogo e conferiu que as cordas não estivessem muito apertadas, apenas o suficiente. Com isso, se achasse seu alvo vivo, ele teria uma família para qual voltar, e uma mãe para cuidá-lo, algo que ele absolutamente necessitaria.

Lá fora, o tempo estava agressivo. Suzue se esforçava, mas muitos dos seus sentidos se encontravam altamente prejudicados. A neve caía rapidamente e em peso, bloqueando seu campo de visão e limitando seu alcance, além dos ventos fortes gritarem em seus ouvidos e esmagarem todos os outros aromas que poderiam estar presentes. Era difícil apenas se locomover, e se ela não fosse uma ninja treinada, caminhar nessas condições seria um suicídio certo. Mesmo para um canino feroz e adaptado, era um perigo enorme.

No entanto, em algum lugar ali, existia um pequeno lobinho colocando toda sua força em tentar sobreviver a fúria da natureza, e na caverna atrás de si, uma mãe disposta a qualquer coisa para encontrar seu filhote.


Então, se esforçou mais. Ela estava assumindo um manto pesado, afinal, a sua antecessora havia desgastado o próprio corpo até não aguentar mais, e mesmo assim havia continuado em frente. Apertou os olhos, forçando-os para diferenciar as sombras e marcas na neve. Estava andando pela direção de onde a loba veio, já que provavelmente se tratava da direção de onde estava alocada a família antes de ser separada. As pegadas viravam mais uma leve sombra avermelhada, conforme o sangue se misturava, e ficava cada vez mais suave conforme avançava em sua jornada.

Cada vez mais, precisava afiar seus olhos para ter certeza que estava vendo o vislumbre de carmesim entre as camadas de branco, conforme as camadas iam se amontoando. Cada vez mais, até ter certeza absoluta que nada naquele solo a levaria para mais longe, e só então permitiu levantar-se a cabeça, torcendo para estar perto da toca.

Ainda sim, estava desesperada por uma teoria, por algo que a ligasse com seu desaparecido. Se esforçou para aumentar sua sensibilidade em todos os pontos, encarando as árvores, raízes, tentando ouvir os mínimos ruídos entre os silvos dos ventos e os aromas entre o frio congelante.

Mesmo com todo esforço, não parecia vir nenhum sinal do lado de fora. Os sons ensurdecedores e o véu pálido pareciam a cortar da realidade, transportando-a para uma floresta morta, sem vida e sem habitantes. Mordeu seu lábio inferior em frustração, sentindo um levíssimo gosto metálico passear pela sua boca.

Certamente, sabia que nada sairia durante uma tempestade dessas.

O frio desacelera seus movimentos, e para esses animal, é um fator crítico para ferramentas que são absolutamente necessárias para sua sobrevivência. Pensando nisso, a maior parte dos animais manteria um estoque, ou se alimentariam  antes da tempestade vir para conseguir sustentar o jejum. Era conhecido que os lobos estavam acostumados com a segunda opção, então por que haviam se separado?

Pensou na loba solitária, ainda amamentando. Na falta de um parceiro, algo muito importante entre os hábitos sociais dos caninos. Ela provavelmente foi caçar, para alimentar a ninhada, em um momento que seria seu parceiro. Isso pode ter causado o grande problema. Pensando assim, provavelmente sentiu essa necessidade por conta da tempestade, então não pode ter deixado os filhotes há mais de dois dias atrás.

Com pouca habilidade de locomoção, eles não teriam ido longe se não tivessem sido carregados. E se fossem carregados, certamente não estariam vivos.

Então sua única esperança é que estivessem naquela área. Afiou seus sentidos mais uma vez, patrulhando aquele pedaço. Cada metro, se forçando a prestar atenção minuciosa em cada detalhe que passava pelos seus sentidos.

E então, quase deixou passar algo. Passando pela área mais ao sul, ouviu um leve gemido, um rangido quase inexistente.

O seguiu correndo, sem pausas.

Se agarrando a um mero zumbido, pouca coisa a mais que um bater de asas no meio de um furacão, até sua origem. Nela, um pequeno lobinho se encontrava preso entre os galhos mortos de uma árvore. Seu corpo frágil havia perdido quase todo o calor, e algumas cicatrizes pelo corpo pareciam indicar algum tipo de conflito. Talvez, algum animal tivesse tentado o levar para uma reserva de alimento durante a tempestade. E pelo jeito, seus irmãos não conseguiram se salvar.

Com cuidado, livrou o filhote das garras de madeira, colocando-o debaixo de suas vestes e torcendo para que fosse capaz de manter-se até alcançar a caverna. Lutou com todas suas forças, e se sentiu um pouco mal por não conhecer o elemento do calor, pensando que Isabel talvez conseguisse ajudar melhor o pequenino. Ainda sim, correu com todas suas forças, e soluçou quando alcançou a caverna e ainda havia uma respiração fraca do lobinho. Colocou-o junto de sua mãe, onde ele se aninhou, e percebeu que ela agora estava muito aconchegante e quente. Ela ainda não havia acordado, e ainda teria algumas horas antes que isso acontecesse, então tirou as cordas da loba e juntou suas próprias coisas.

Imaginou que seria de bom tom fornecer o fogo para a pequena família durante aquela noite.

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Re: [ RP ] The Calling.Qua Out 19, 2022 8:25 am

Olá, Suzue!

Excelente treinamento. Parabéns!

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Re: [ RP ] The Calling.Sex Out 28, 2022 1:25 pm

The Calling
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s dedos avermelhados de Suzue lutavam para manter o mínimo de seu calor durante o inverno rígido, a menina apertando e puxando suas mãos sem parecer perceber. Seus olhos pareciam focados no horizonte, vidrados em um lugar além do oceano, imaginando seu pequeno cantinho empoeirado e seus livros surrados lhe esperando em casa.

Com certeza, esse era o maior tempo longe que já havia passado.

Girou a cabeça, observando a cidade à distância, demonstrando seus primeiros sinais de despertar durante o amanhecer. Pessoas caminhando e comprando café, alguns comerciantes montando suas lojas… Uma pacificidade que, naquele momento, dividia seu mundo. Parecia que estava olhando através de uma janela, vidas tão comuns, tão ingênuas em relação o que estava realmente acontecendo naquela ilha.

Limpou seu rosto e tomou um longo suspiro.

Levantou-se da grande pedra, pulando em direção à área mais densa da floresta. Precisava terminar de aperfeiçoar suas técnicas, e principalmente, torná-las harmoniosas entre elas.

Durante seus dias na ilha, seu conhecimento sobre chakra havia evoluído e desenvolvido muitas coisas, muitos assuntos. Sua tarefa agora era costurar toda palavra e centelha de poder que havia adquirido, transformar-se em um verdadeiro arsenal, deixar o poder se conectar com leveza e destreza.

Quando alcançou o coração da mata, tomou uma pequena pausa. Reunindo a energia da natureza em si, deixou o novo modo tomar conta de seu corpo e enchê-lo de energia. Como ela lutaria com um inimigo real? Ela deveria conhecer muito bem as forças e fraquezas das próprias técnicas, e como se aproveitar delas. Envolveu seu corpo com água, criando uma armadura puramente de chakra, deixando o Shinsu cobrir sua pele. Quando tocado por outros, esse jutsu poderia se tornar mais pesado que aço, prendendo-os. Sua fraqueza estava na proximidade, já que Suzue não era a melhor em combate corpo a corpo.

Então, imaginou que poderia fazê-lo como um tipo de armadilha. Algo para tornar atrativo a ideia de oponente se aproximar, e assim que ficasse preso, uma chance para ela retomar o controle da batalha. Algo assim, no entanto, funcionaria apenas com outras técnicas para servir de apoio.

Conjurou seu bastão, logo o envolvendo também em água energética, fortalecendo suas propriedades. Era uma técnica muito forte, mas ainda sim, muito difícil de encaixar em um oponente atento. Não era útil por si só, mas poderia funcionar enquanto seu alvo estivesse preso.

E se…

Fechou os olhos, desativando essas técnicas.

Com uma arrancada surpreendente, concentrou em seu âmago uma energia substancial, convertendo-se em técnicas que apostavam corrida entre si.

Se soubesse usar o maior número de técnicas, o mais rápido possível, então poderia ter um aproveitamento muito maior de toda e qualquer brecha em defesa que percebesse. Continuou naquele ritmo, treinando sua velocidade e resistência ao cuspir técnica atrás de técnica, uma atrás da outra e aumentando a velocidade cada vez mais.

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Re: [ RP ] The Calling.Sex Out 28, 2022 1:51 pm

Olá, Suzue!

Bom!

Treinamento aprovado.

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Re: [ RP ] The Calling.