O dia segue belo e meu bolso segue vazio já tem uns dias. Já faz quanto tempo? Dois anos? Meu foco agora é outro, não preciso me preocupar com dívidas do passado, elas já passaram, certo? Minhas atividades diárias eram feitas como normalmente, etapa por etapa, começando pelo banho, roupas e por fim uma alimentação forte pra sustentar o dia pesado. Não é dia de roubo, mas de treinamento, o que é bem mais cansativo e trabalhoso.

Alimentado, vestido e trajado, me restava apenas ir para a parte de trás da minha residência onde havia um pequeno campo de treinamento feito à mão, repleto de instrumentos e bonecos de treino. Claro, não é fruto do meu dinheiro, mas é fruto do meu esforço de conseguir pegar isso tudo e trazer para cá, então vai, mereço os parabéns. De toda forma, hoje novamente seria um treino focado na pontaria e na destreza, estava ficando bom nisso e melhorar ainda mais é sempre o foca da coisa.  

Precisaria me alongar, como sempre, aquilo era feito de maneira rápida e bem precisa, juntando os pés e deixando as pernas esticadas, enquanto levava ambas as mãos para o chão sem dobra-las, visando assim esticar o latíssimo do dorso e todos os diversos outros músculos que aquele movimento englobava. Permanecia com as repetições por alguns segundos, nada mais que isso, efetuando por último alguns agachamentos para encerrar a parte inferior. Previamente aquecido, era chegado o momento de praticar os lançamentos.

Levava ambas as mãos sobre a bolsa ninja, retirando de lá algumas shurikens e kunais, precisaria realmente me familiarizar ainda mais com aquele instrumento. Tatearia eles, toda sua estrutura, passando cuidadosamente sobre as salientações e sentindo suas extremidades pontiagudas. Não eram apenas armas, precisaria enxerga-las como uma extremidade do meu corpo para isso funcionar. Iniciaria novamente lançamentos curtos de dez metros e sem obstáculos, visando sentir o movimento e sua progressão, disparando algumas vezes com a esquerda e outras vezes com a direita, visando melhor otimização daquela ação.  

Minha direita, como imaginado, era muito superior à esquerda pois sem dúvidas o movimento fluía muito mais leve e limpo. Dessa forma, focaria um pouco mais na canhota durante esse treinamento. Dificultaria um pouco mais as coisas, realizando diversos disparos em sucessão, um após o outro sem descanso, visando acerta não só o alvo como a kunai ao centro, cravando-a ainda mais. Os erros eram óbvios e evidentes, mas conforme a atividade progredia os erros amenizavam e se tornavam menos grotescos.  

Decidi parar por ali, não precisava de mais esforço e tempo para a esquerda, embora ela nitidamente precisasse, era de maior urgência treinar meu corpo como um todo. Partiria então para algo mais inusitado e diferente, pensando da seguinte forma: nem sempre teremos a visão do alvo. Basicamente o mecanismo do alvo iria mexer e, de olhos fechados, tentaria me guiar pelo barulho que o movimento emite para assim disparar com mais precisão. Seria difícil, mas graças ao silêncio que pairava sobre o ambiente a atividade poderia ocorrer tranquilamente.  

Respirei fundo, fechando ambos os olhos e posicionando o laminado e minha mão já arqueando o movimento, precisava focar em escutar primeiro, analisar seu padrão de barulho, movimento e todos os demais aspectos que aquilo emitia. O movimento começava, assim como o barulho que era sútil e um tanto quanto uniforme, seria complicado diferenciar com precisão. Droga. Arrisquei e ainda de olhos fechados apenas escutei aquele estalo metálico colidindo contra o concreto, provavelmente minha tentativa passou bem longe de onde o alvo estava, mas ao menos isso serviu para ter ciência da situação.

Era necessário mudar a abordagem, seria preciso um tiro de sorte? Qual lógica eu usaria para aquilo? Talvez jogar com curva seja mais fácil por pegar uma área maior? Vale a tentativa. Estufei o peito com ar, expirei devagar e lancei o arco da esquerda para a direita e o mesmo barulho metálico esbarrando no concreto era ouvido, mas dessa vez eu tinha total certeza que havia triscado no alvo. Agora tinha uma pequena ciência de onde ele estava, bastava apenas calcular o tempo certo e então carimbar de vez meu êxito naquele exercício.  

Lancei desacreditado, mas extremamente confiante de que era capaz e o resultado foi inesperado. O barulho metálico colidindo contra a madeira arrancava de mim um sorriso largo e estridente, estava mais que óbvio que eu havia acertado o alvo, mas bastou abrir os olhos para entender perfeitamente o que aconteceu, eu estava muito longe da perfeição, mas estava no caminho certo. O lâminado acertou o alvo, porém bem na ponta e bem longe do centro. Suspirei desanimado, mas não demorou muito tempo para o afrouxar do sorriso emergir. Foi um ótimo treino, sem dúvidas minha destreza havia melhorado, estava aliviado e ao mesmo tempo exausto. Ficaria sentado por mais alguns minutos antes de entrar para descansar. Finalmente acabou.

– Droga, que horas são? – Esticava uma das mãos em busca do despertador – Cara, são 11:17, é quase horário de pico – Erguia-se da cama com certa dificuldade, acompanhado de uma bela vista turva e bocejos infindáveis. Naga era um exímio shinobi, mas definitivamente em suas veias corriam sangue de um ladino. Quarta feira era sempre um dia bom para seus negócios, afinal era um dos dias mais populosos no mercado graças as mais diversas promoções, um prato cheio para alguém como ele fisgar carteiras e faturar alguns trocados. Trajou suas roupas habituais, penteou seu cabelo e voai-la, estava pronto.

Saiu pelas ruas direto para o centro, local onde a feira acontecia e o movimento era maior, distribuindo acenos para seus vizinhos e conhecidos durante o percurso – Se eu fosse mal encarado, me olhariam com maus olhos. Fracamente, aquele velho sabia das coisas – Comentava em orgulho, afinal, seu pai lhe ensinou muitos truques uteis. Decidiu parar em uma loja de sucos, na verdade, não era uma loja qualquer, mas a sua preferida. – Dona Moka, Ohayo! – Cumprimentou sorridente, perambulando seus olhos por cada parte daquele estabelecimento. Você logo vai entender porque essa loja é a sua favorita.

– Você de novo, Naga – Bufou, nitidamente mal humorada – Não me leve a mal, garoto, mas sempre que você vem aqui meu lucro cai bastante – Diria em tom de brincadeira, mas nitidamente em um teor mais ácido. O garoto de fios alvos engoliu seco, era a primeira vez que a mulher entrava nesse assunto, não poderia agir de forma suspeita se não seria facilmente vinculado as baixas do caixa. – Hahaha! A senhora é sempre muito humorada, Dona Moka! – Despistou com risadas e humor.  

– Olha, fiquei sabendo que um homem loiro e de olhos verdes anda perambulando as lojas de suco. Sabe a moça da loja de trás? Então, ela também está repleta de baixas e acredita que é culpa desse homem – Mentiu, distorcendo um pouco a verdade, mas torcendo para ela não retrucar. Naga sequer frequentava a loja de trás, mas sabia que Moka e a outra dona eram rivais no mercado, logo não poderiam ser amigas e consequentemente ela não ligaria muito para aqueles roubos. Seus olhos afilaram, assim como seu sorriso cínico emergia, fazendo a egípcia enquanto esperava a resposta de Moka.

– Ela está sofrendo baixas, é? – Indagou, moldando seu rosto mal humorado para um mais risonho, aquela informação parecia conforta-la de certa forma. – Se há um ladrão por aí é bom você ficar de olho, você é muito inocente e pode facilmente ser roubado – Provocou! Naga se segurou, não podia devolver na mesma moeda, afinal, sua mentira ainda estava sobre a mesa. – Hahaha, sem dúvidas, pessoas ingênuas são um prato cheio para esses ladrões. Vou tomar cuidado, viu?! Obrigado pelo toque, Dona Moka! – Despediu-se, arrastando sua mão sutilmente sobre o balcão e retirando uma boa gorjeta que haviam deixado.  

Aquela lojinha era muito movimentada e Dona Moka era uma senhora de nariz empinado, sempre perdia tempo julgando ou debochando de algo enquanto seu dinheiro ficava dando sopa. – Essa velha, francamente, ela realmente acha isso de mim? – Indagou meio sem graça lembrando das alfinetadas da mulher. – Ela vai ver só, vou pegar todo dinheiro dela e pagar a minha dívida! Gyahahaha! - Riria esbugalhadamente enquanto perambulava pelas vielas.

Pegou alguns becos, subiu algumas ruas e finalmente estava na grande feira. Seus olhos brilhavam ao notar todo aquele movimento, todas aquelas carteiras no bolso de trás dando sopa e o grande número de madames requintadas – Cara, hoje vai ser um dia e tanto – Aflorou o riso, esfregando uma mão sobre a outra em empolgação antes de partir para a primeira abordagem. Decidiu usar uma abordagem clássica, esbarrando em uma mulher e a derrubando. É, você logo vai entender!  

– Nossa, me desculpe por isso, estou um pouco perdido pois não sou daqui. Por acaso se machucou? – Indagava, estendendo a mão para a moça, segurando seu punho e soltando seu relógio devagar enquanto a ajudava se levantar – Seu sorriso frouxo e olhos afilados eram lançados na jogada, assim como todo um jogo de sedução e lábia caminhavam de mãos dadas. – Eh, eu estou bem, obrigada pela preocupação. Mas, o que faz por aqui. De onde você é? – Perguntou a dama curiosa.

Naga sorriu genuinamente, afinal, seu plano caminhava do jeitinho que ele queria. – Sou de longe, um vilarejo pequeno no interior de kirigakure. Acabei sendo roubado e perdi todo meu dinheiro para voltar, dessa forma não vou chegar a tempo de ajudar minha mãe doente – Proferia melancolicamente. A mulher sequer pensou duas vezes, aquele belo rapaz, aquela situação e toda a cena lhe obrigavam a se comover, oferecendo por si só dinheiro para que ele conseguisse retornar.  

– Você me salvou, serei eternamente grato! Me chamo Mikoto, foi um prazer conhecer você! – Beijava a mão da garota enquanto olhava fixamente para seus olhos, retirando o relógio já frouxo sem que a moça percebesse. Despediu-se e então retornou para casa, precisava descansar e maquinar o que faria com toda aquela grana – Cara, esse relógio é muito lindo, acho que vou ficar com esse

Para um ladrão, sua velocidade, agilidade e precisão de movimentos é seu ganha pão. Para um ninja, não é tão diferente, talvez seja seguindo essa linha de raciocínio que esse garoto seja considerado como habilidoso pelos seus superiores. Acontece que toda essa habilidade não veio do nada, foram necessários diversos treinamentos diários e uma grande motivação, sendo essa a de realizar seu maior sonho de se tornar um ladrão rico e influente – Mais um treino, certo? Espero que todo esse esforço seja recompensado depois – Proferia para si próprio, simulando um movimento rápido pegar algo, como se estivesse imaginando ou revivendo um dia comum de ‘’trabalho’’.

Naga dirigiu-se para fora de sua casa e, como habitual, seguia mantendo o perfil de boa vizinhança que tanto insistia em sustentar, acenando e cumprimentando todos durante o percurso. – Olha só aquela velha chata – Diria internamente, cumprimentando Moka, dona da sua loja de sucos preferidas – Sorte sua que preciso treinar, senão eu passaria a mão em todo seu dinheiro – Murmuraria, ainda mordido com as alfinetadas do dia anterior. O rapaz não demorou para chegar em um ambiente mais aberto, repleto de árvores e um pequeno rio, local esse que treinaria seus saltos, equilíbrio e precisão de movimentos.

Começaria recolhendo alguns troncos e os organizando na forma de um hexágono. Não havia muita força então o trabalho foi um tanto complicado, mas graças a sua precisão de corte com a espada conseguia diminuir e facilitar todo o trabalho pesado. Criaria todo um circuito envolvendo saltos, arremessos de shuriken, equilíbrio e precisão dos movimentos, afinal, sua futura fortuna dependia desses treinamentos. Após tudo ser elaborado com perfeição, se posicionaria no local marcado com alguns shurikens já em mãos, respirando fundo antes de começar as atividades.

– Um, dois e três. Agora! – Sinalizou, iniciando uma séria de saltos sobre os troncos, sendo esses complexos e repleto de giros, manobras e afins, disparando as shurikens nos alvos em movimento que emergiam durante o percurso. Precisaria ter cuidado durante a execução pois o tempo todo precisaria se manter pulando, saltando e aterrissando unicamente sobre a superfície do tronco. As shurikens pouco nem sempre acertavam o alvo, tão pouco o acertava em cheio, mas o mais importante naquela atividade era a intensa movimentação, adequação e agilidade que estavam sendo impostas sobre os pés.  

Até que, após longos minutos, um pequeno deslize provido do grande desgaste consumou a queda, essa que deixou o garoto de cabelos prateados inerte sobre o chão, ofegante e incapacitado de se levantar. – Arf.. Arf... Falta muito pouco... Arf... Arf... Muito pouco – Proferia com certa dificuldade, estirando-se sobre o chão e por ali repousando um pouco mais.

A arte de roubar é tão antiga quanto minuciosa, criado pelos mais fracos e desprovidos de bonança como meio de sobrevivência e sustentação. Sem dúvidas com o passar dos anos e consequentemente sua expansão, roubar tornou-se um ato vil e por vezes digno de pena e revolta. Mas para alguém que está sofrendo, sem saída ou à mercê de uma vida medíocre, detalhes como esse realmente importam?  

Naga era um apreciador desse caminho, talvez por ser realmente habilidoso nesse ramo ou tão somente ter nascido em um berço de ouro roubado. É, realmente esse último faz mais sentido, uma vez que toda sua linhagem provem de astutos ladinos. De todo modo a verdade é que, para esse garoto, aquilo ali não passava de puro entretenimento.

Mesmo que fosse milionário, tivesse recursos suficientes ou tão somente estivesse entediado, ele certamente continuaria nesse caminho. Está em seu sangue! –  Bora levantar, dinheiro não entra no bolso sozinho, certo? –  Indagaria para si mesmo em tom eufórico e surpreendentemente animado. Aquela manhã que raiava era apenas mais uma dentre tantas, mas para aquele moleque era como um parque de diversões que nunca fecha.  

Aprontou suas roupas, banhou-se e penteou seu cabelo, levando uma pequena maçã consigo para fora da casa. Cumprimentou seus vizinhos e então partiu. Destino? Cara, você ainda tem dúvidas? Claro que era para o local mais populoso da vila: o mercado central. Aquele lugar era um prato cheio para mãos leves como Naga, esse que astutamente esgueirava-se pelos becos, abraçava-se pelas sombras e se espreitava pelos pontos cegos.  

Tentaria se manter assim, sem ser visto, buscando atravessar toda aquela multidão sem ser descoberto/avistado. Observou todo o ambiente e então traçou uma rota fácil e rápida em sua mente, porém ainda haviam muitas pontas soltas, uma vez que a qualquer momento poderia ser surpreendido pelo acaso. Esse medo, esse receio, toda essa possibilidade de imprevisto e consequências não o amedrontavam, para ser sincero, aquilo apenas energizava ainda mais aquele garoto.  

– Cara, não importa quantas vezes eu faça isso, essa sensação, essa adrenalina. Eu sou mesmo a droga de um Zunma – Seu sorriso alargou-se sobre o rosto, seus dedos sequer se aquietavam sobre as mãos graças a tamanha empolgação e seus olhos, bem, esses se assemelhavam mais a uma raposa: afilados, astutos e infindáveis. Seguiu seu caminho pelas beiradas, observando com cautela a aproximação de alguém pelo som, sombras ou tão somente intuição, andando silenciosamente em passos lentos e calmos.  

Sua respiração precisaria estar tranquila, afinal, um simples descuido e seu objetivo traçado em mente estaria por água abaixo. Um pequeno grupo de quatro membros se aproximava, caso o garoto não fizesse nada em poucos segundos aquele grupo o avistaria e, naquela situação apertada e tensa, decidiu o mais lógico. Naga lançou um rolamento para sua esquerda, escondendo-se por trás de alguns barris e segurando uma pequena pedra que encontrou.  

Após o grupo aproximar-se ainda mais, lançou a pedra para o lado oposto do seu movimento, chamando atenção de todos enquanto seguia furtivo para a próxima etapa pelo lado inverso e desprovido de atenção – Droga, essa foi por muito pouco. Se eu demorasse mais alguns segundos – Pausou, respirando fundo – Mas eu não demorei! Hahaha! – Riria empolgado. Seu objetivo ainda estava longe e consequentemente com o aproximar do meio-dia o movimento só cresceria, precisava ser mais rápido se quisesse maiores chances de sucesso.  

Entrou pela viela a direita e após alguns minutos adentro deparou-se com um desafio impossível. Havia entrado em um beco sem saída e agora, por onde entrou, diversas vozes e sons de passos ecoavam – Droga! O que eu faço. Espero? – Pensou, sendo surpreendido por uma outra aproximação a frente, dessa vez, desastrosamente vindo de dentro do beco sem saída. – Droga, mas que porra é essa? – Rangeu os dentes. Naga olhou para ambos os lados, olhou para baixo e então voltou sua atenção para cima, erguendo ambas as sobrancelhas com sua surpresa.  

Ele lançou-se sobre a parede e percorreu até o teto, grudou-se acima e silenciou-se por completo, ficando com as costas voltadas ao teto e seu corpo voltado para o chão. Sua respiração precisaria estar extremamente controlada, seu controle de chakra minucioso para se manter ali e sua presença sobre aquele ambiente completamente nula. Por azar do destino, aquele grupo que vinha para dentro buscava encontrar-se com aquele que buscava a saída, aparentemente, aquilo seria um encontro voltado a compra de substâncias ilícitas. A conversa durava alguns minutos, Naga já se encontrava no seu limite e até mesmo seu suor já se evidenciava pelo corpo.

Foi quando algumas gotas caíram sobre o chão, bem ao centro do pequeno grupo. Ele precisava agir rápido, afinal era questão de lógica olharem para o alto, então, com um ato impensado e talvez extremamente experto, lançou a baixo uma pequena bomba de fumaça, visando abrir uma abertura para que ele pudesse correr sem ser visto. Sua fuga foi um sucesso, porém aqueles desafios foram realmente perigosos. Certamente estar envolvidos nele, exercer esse pensamento rápido e todo esse foco aguçaram sua furtividade, o que era ótimo. Retornou para casa e então descansou, satisfeito e risonho pelos ocorridos.

Furtividade. Assassinato. Precisão.  

Eram os fundamentos primordiais do mais alto escalão de kirigakure. As histórias contadas ainda na academia ninja retratavam aqueles ninjas portadores de espadas lendárias como seres inimagináveis, indescritíveis e extremamente poderosos, entretanto, havia acima de tudo uma semelhança entre eles que enalteciam e justificava ainda mais esse título tão grandioso: sua extrema facilidade em matar silenciosamente, normalmente com um rápido corte na altura da cabeça para que o tempo de reação inimiga beirasse o impossível. Silent Killing, um estilo de luta famoso e extremamente respeitado dentre todos os ninjas de kirigakure, era impossível nunca ter ouvido falar sobre ele na academia.  

Outrora visto como inalcançável, hoje, para aquele garoto curioso ela seria sua maior cobiça e, como um objeto precioso, ele estava mais do que determinado a tê-la em mãos. – Silent killing, é? Se me lembro bem, havia algo aqui a respeito disso – dizia curioso, vasculhando aquelas estantes de cima abaixo – Será que lembram de mim? Minha fama aqui não era das melhores, é estranho me deixarem tão livre aqui dentro – Recordava de suas travessuras na academia ninja em um misto de vergonha e orgulho – Aqui, encontrei – Puxava um pequeno livro que aparentava catalogar aquela arte, lendo todo seu conteúdo um pouco confuso, mas registrando tudo cautelosamente em sua cabeça.

Após alguns minutos de leitura, já maquinava em sua mente todo um mecanismo para desenvolver melhor aquela arte, arqueando um sorriso confiante em seu rosto ao fechar do livro – Entendi, tá, eu consigo. Eu tenho que conseguir! – Firmou, dirigindo-se para fora da academia ninja e se destinando ao seu pequeno campo de treinamento alocado nos fundos de sua casa. Como lido, iniciou um período de concentração, movimentando uma fina camada de chakra por todo seu corpo. Concentraria aquela camada em cada extremidade e pedaço, afinando-a ainda mais na medida que progredia naquela tarefa.  

Começaria a efetuar pequenos movimentos, buscando permanecer com a concentração e a fina camada intacta durante o ato. As primeiras tentativas como imaginado seriam falhas, embora parecesse simples manter aquela camada tão pequena, essa proeza exigia uma dominância incrível no controle de chakra. –  Cara, sem chance. Isso aqui é absurdo, eles realmente lutam desse jeito? –  Murmurou levemente ofegante. Buscaria então uma solução mais fácil, mesclando essa arte ninja com suas grandes capacidades físicas, interpretando aquela ação como um furto que necessitasse de grande cautela e minuciosidade, controlando sua respiração e movimentando-se lentamente durante essa atividade.  

– É só uma droga de carteira, apenas uma carteira, vamos! – Vociferava, dessa vez um pouco mais confiante que o normal e, como imaginado, mesclar aquela atividade para uma outra tão presente e comum no dia a dia gerou frutos benéficos. Sem dúvidas ainda não conseguia correr, mas aos poucos seus movimentos com aquela arte ninja se tornavam mais fluido e eficientes, sendo questão de tempo até sua total masterização. – Esses ninjas... Quão fortes eles são? Eu... eu... quero tentar rouba-los um dia – Brincou, deitando sobre o chão um pouco ofegante após longas horas de treinamento. Aquela atividade perdurou por toda tarde, uma vez que a noite já dava “oi” por ali.  

Era chegado o momento de descansar.

Missões ninja.  

Sem dúvidas é a forma mais justa de crescer na hierarquia, ganhar dinheiro e prestar seus serviços como ninja para a sociedade. Mas algo parecia estranho naquela tarde de quinta-feira, seria possível um amante dos furtos prestar serviços honestamente? Embora pareça um cenário cômico e totalmente irreal, Naga havia seus motivos. Para que ganhar dinheiro apenas roubando se poderia fazer bicos limpos durante os horários vagos? Para ele aquilo fazia todo sentido – Um Zunma fazendo dinheiro limpo, que frase estranha de se falar em voz alta – Proferia em tom humorado, levemente desconfortável com aquilo.

– É apenas dinheiro extra, apenas isso. Grana. Vamos, eu consigo – Diria confiante, mesmo que não acreditasse totalmente no que havia dito. Rumou até o famoso posto de missões e sem muita enrolação adentrou, tímido e acanhado, como se aquele ato fosse totalmente sujo ou ilícito – Ei, eh... Quero uma missão, por gentileza – Proferia embolado, olhando desconfiando por cima dos ombros enquanto vasculhava se haviam pessoas observando aquele seu “fatídico ato”. A moça olhou o rapaz de cima abaixo, ele estava nitidamente sem jeito, o que lhe tirou boas gargalhadas. – Aqui está, garoto! Boa sorte! – Firmou, acenando amigavelmente!  

Naga pegou aquele pergaminho de uma só vez, seu rosto estava totalmente avermelhado e seus batimentos cardíacos agitados. – Droga, droga, droga. O que é isso afinal, preciso acabar com essa merda antes que mais pessoas me vejam – Murmurou, desenrolando aquele documento o mais rápido possível, lendo e compreendendo o que deveria fazer. – Recuperar uma grande bandeira amarela, é? Então é apenas recupera-la e entrega-la na academia ninja? Isso que é trabalho honesto? Credo! – Debochava, guardando o papel e iniciando sua busca.

Aquela bandeirola não era tão difícil de encontrar, afinal, era bem grande e com uma cor bem forte. Acontece que o problema se daria pelo fato dela ter voado e se enroscado no alto de um prédio de difícil acesso. Sem pensar muito nas adversidades, iniciou sua busca, saltando sobre as paredes e elevando-se para o teto das pequenas casas, correndo sobre elas e saltando para as casas mais altas sempre que pudesse, efetuando algumas acrobacias durante o percurso. – Aí está você... Porra, mas, como raios você foi parar aí em cima? – Questionou.

A famosa bandeira era avistada sobre o topo de um dos prédios mais altos da aldeia, precisando além de subir as paredes efetuar saltos e acrobacias, equilibrar-se sobre pequenas superfícies e efetuar diversas manobras mirabolantes. – Ta, isso não vai ser tão difícil, vai? – Indagou, maquinando seu plano conforme observava, entretanto, aquilo não seria tão simples. O prédio possuía diversas janelas, sacadas e estruturas que obstruíam um caminho reto e simples, necessitando subir pelos prédios e residências adjacentes e então retornar para o da bandeira. – Sem problemas, vamos lá! – Confiante, suspirou e então partiu.  

Saltou sobre uma janela e agarrou-se em sua beirada, usando-a de apoio para impulsionar seus pés sobre a parede e lançar-se para o outro lado, agarrando-se no parapeito e subindo para o quarto andar. Foi agora pela eira, beira e tri beira, equilibrando-se cautelosamente para não cair. Algumas telhas despencavam durante o processo, embora fosse um bom praticante de acrobacias e um experiente equilibrista, aquilo era extremamente perigoso até para ele, necessitando ter o triplo de cuidado durante o ato.  

Por fim, chegou ao topo do local adjacente ao seu objetivo, deparando-se com a quase total ausência de meios para seguir subindo até mais próximo da bandeira. Olhou bem as possibilidades e então sacou uma kunai junto de fios de aço, amarrando-a sobre a ponta e então lançando sua arma sobre a superfície do prédio ao lado, esse maior e tão próximo da bandeira quanto o que já estava. – Ta, eu já vi fazerem isso algumas vezes, não deve ser tão difícil, certo? Você consegue, ok?! É dinheiro, apenas dinheiro. Tudo pelo dinheiro! – Convenceu-se, lançando-se para o outro lado de uma maneira um tanto inusitada.  

Sua aterrissagem era um total desastre, mas seu objetivo havia sido completado e apenas isso importava naquele momento. Agora bastava apenas uma subida íngreme para chegar ao topo, o levando a efetuar uma pequena escalada enquanto se equilibrava sobre pequenos tijolos mal colocados. Pisava um pouco receoso, realizando alguns rápidos testes de segurança antes de depositar todo seu peso sobre eles, seguindo cuidadosamente aquele caminho. – Cara, é só não olhar pra baixo, ok?! Não olhe para baixo, estamos pra lá do oitavo andar, tá alto, não precisa conferir – Vociferava, como se estivesse pondo ordens sobre ele mesmo.  

O percurso era difícil, seu peito precisava estar colado sobre parede enquanto depositava chakra sobre aquela região para melhor fixação, qualquer deslize ali decretaria sua queda e, naquela altura, no mínimo acarretaria em grandes ferimentos. Engoliu seco e então parou um pouco de se mover, como se estivesse descansando ou simplesmente recuperando suas energias, voltando para a atividade segundos depois um pouco mais empenhado – Cara, isso aqui não vale a grana que tão pagando, de verdade – Murmurou mais uma vez, pressionando sua destra sobre um tijolo acima e alocando sobre ele uma imensa quantidade de chakra.

– Preciso arriscar, não tem condições de ficar aqui por muito tempo, preciso fazer isso – Comentou, impondo toda sua força sobre sua destra e impulsionando-se para cima, almejando alcançar o parapeito do topo daquele prédio. Precisava de força, equilíbrio e acima de tudo uma boa acrobacia para manobrar seu corpo para cima, efetuando uma manobra desengonçada que o derrubava sobre o teto do prédio – Cara... Isso... Finalmente... Foda-se, eu quero meu dinheiro, eu quero muito dinheiro por ter feito isso – Reclamava ainda mais, porém aliviado e satisfeito com seu sucesso.  

Bastava apenas pegar aquela bandeira e dar no pé, mas antes que fizesse isso uma aparição infantil o pegava desprevenido – Como... Ei, como você chegou até aqui? Você tem o que, cinco anos? – Indagou o garotinho – Eu subi as escadas – Disse ele. A cara do prateado ficou nula, totalmente vazia e desacreditada, sequer respondeu o garoto, estava humilhado demais para isso. Desceu pelas escadas e a cada degrau o ódio aumentava, retornando para o posto de missões para ter uma longa conversar com o seu contratante.  


Perícia focada durante a missão: acrobacia 

Velocidade.  

O impacto que esse fator físico impõe em um combate sem dúvidas é determinante para decidir o seu vencedor. Iniciativa, reflexos, reações e golpes. Tudo se intensifica e se amplifica quando utilizando por um corpo veloz e ágil, efetuando proezas e façanhas inimagináveis quando utilizada de maneira ideal. Obviamente aquele ladrãozinho prateado não havia sequer metade desse conhecimento, mas para seus furtos e trabalhos aquilo sem dúvidas era tão necessário quanto. E isso, claro, ele sabia muito bem.  

Quando mais novo era comum brincar com seus irmãos em um jogo nomeado de pique ou tapa, onde os participantes colocavam uma moeda sobre a mão e a deixavam fechada, enquanto sua mão livre dava tapas ou tentava pegar a moeda do adversário. O jogo durava dois minutos, se consolidando campeão aquele que conseguisse dar mais tapas na mão ou pegar a moeda do seu oponente. Simples. Aquele jogo trabalhava tempo de reação, velocidade de golpe e precisão de movimento, tornando-se um jogo estratégico e extremamente incerto sobre seu vencedor até o último instante.

Mas agora, longe de casa, seu jogo e treino favorito estavam um pouco distantes demais. – Cara, hoje está mais frio que o normal – Comentou, esfregando suas mãos sobre as laterais de seu braço. – Eu realmente preciso treinar hoje? – Pausou por alguns segundos, intercalando seus olhos entre a janela e suas pernas – É, eu realmente preciso fazer isso – Firmou meio descontente. Sem dúvidas os dias desde a missão no alto mar eram outros, mas aquele combate e toda a sua consequência eram como pesadelos recorrentes na vida daquele ladino, uma vez que até mesmo a dor na sua perna o impedia de esquecer aquilo.  

Mas aquela dor não era nenhum limitador para um sujeito teimoso e impaciente como ele, afinal, sabia que a culpa por aquele machucado era unicamente sua e de seu físico lento, reservando hoje para um aprimoramento severo por meio de treinamentos. – Pão, queijo e – Pausou, procurando a faca sobre a mesa – Onde eu coloquei, tenho certeza que estava aqui(...) aqui, encontrei, mas espera aí – Aflorou um riso meio desconfiado, havia maquinado uma ideia um tanto diferente para aquele momento.  

Havia pensado sobre aquilo ao ver sua execução em um pequeno bar local, replicando aquilo ali mesmo sobre a mesa. Com a faca em mãos, aqueceu ainda em casa graças a aquela pequena brincadeira durante o café, estendendo sua mão canhota sobre a mesa e separando bem as suas falanges, golpeando as aberturas feitas com uma faca e aumentando a velocidade progressivamente. – Não é tão... Difícil assim – Comentava um pouco receoso, olhando desconfiado para cada disparo que efetuava.

Embora parecesse algo bobo, ninguém quer ter a mão perfurada, certo? Isso ajudava a ter um controle maior sobre a velocidade imposta, assim como gerencia-la de maneira ideal para não acabar cansando ou perdendo ritmo e consequentemente se ferir durante a execução. Realizou com ambas as mãos, tomando ainda mais cuidado com a mão mais fraca, mas ainda impondo a mesma pressão que a dominante de modo a melhorar um pouco mais a sua ambidestra. Levou apenas quarenta minutos de prática e já saiu para a parte de fora, iniciando uma corrida intensa até o local de treinamento.

– Quarenta minutos de corrida? Cara, isso em velocidade máxima vai ser um saco – Coçava a sua nuca, como se estivesse arrependido de sua ideia – Que seja – Firmou, disparando ao termino. Para ninjas, correr era algo simples e fundamental, mas correr em velocidade máxima por tanto tempo era extremamente exaustivo. Os primeiros minutos eram tranquilos, mas ao chegar na metade do percurso que as coisas se tornavam problemáticas. – Essa droga de perna. Eu já imaginava que ela doeria, mas não na metade do treinamento – Murmurou.  

Embora seu corpo implorasse para adequar a velocidade, diminui-la ou controla-la melhor seria como se autossabotar, seria basicamente concordar com seu corpo e dizer em alto e bom tom que sua velocidade e capacidade atual eram suficientes. – Não, não é suficiente, não é. Eu preciso de mais, eu preciso de bem mais! – Vociferava, visando encoraja-lo ou motiva-lo ainda mais. Seu corpo já gritava ofensas grotescas, assim como já demonstrava as primeiras contrações e movimentos involuntários graças as câimbras que iniciavam seus ataques a quase toda musculatura inferior.  

– Apenas mais um minuto, preciso aguenta... Só mais... Um minuto! – Gritava! Ele precisava ouvir aquilo, ele precisava gritar, naquele momento o corpo já não respondia mais, era quase como um piloto automático que regia todos os seus movimentos. Foi quando se deparou com aquele rio ao centro do campo de treinamento, largando-se em uma queda abrupta sobre o chão e rolando até o começo das águas. – Eu consegui... Eu sempre consigo... Eu... – Sequer conseguia falar, mas naquele momento ele não precisava dizer mais nada. Estava terminado, estava mais que evidente que seu máximo havia sido absorvido. – O que será que Hyomin esta fazendo agora?

 

O que seria ser forte para você, garoto. Me conte o que tens que obter para algo desse tipo, afinal, qual o princípio da força se não o de conquista? Me conte seus segredos, seus medos e desejos para que eu posso dizer quem és e para onde irás, pois o que diz mais de um homem se não as suas ambições?

Até quando vai sustentar essa história de roubos e furtos, já está bem claro para todos que isso é apenas temporário. Você não nasceu para isso, talvez em algum momento da sua vida você já pensou a respeito, mas acabou deixando de lado. Olhe para frente, abra seus olhos e me diga de uma vez: Naga, o que você vê quando olha para dentro desse espelho?


– Mas que porra... Aconteceu de novo – Dizia ofegante, enquanto seu corpo impregnava de suor aqueles lençóis azuis e listrados. Esses sonhos estavam cada vez mais recorrentes e dia após dia se tornavam mais reais. Uma voz feminina e imponente, sempre ao pé de seus ouvidos com sussurros e dizeres que mais pareciam amaldiçoa-lo ou conhece-lo como ninguém. Um misto entre medo, curiosidade e de certa forma nostalgia emergia sobre o garoto, como se ouvir aquela voz despertasse desejos e sentimentos adormecidos. – Foi só um pesadelo, não preciso me preocupar – Mentir para si mesmo sempre foi seu melhor mecanismo de defesa.  

Naga ergue-se na madrugada, inquieto com o ocorrido e assustado com tudo aquilo, dessa forma, ele apenas decide fazer o óbvio: treinar. Não havia forma melhor para aquele garoto esquecer ou simplesmente jogar seus problemas por de baixo do tapete se não assim, ocupando-se, embora furtos e roubos fossem seu parque de diversões, após aquele sonho citar sobre eles era como se os realizar de alguma forma significasse dar o braço a torcer e acreditar totalmente naquilo. – Foi apenas um pesadelo, foda-se essa droga – Repetia aquele mecanismo que tanto gostava. Sentou-se sobre a sacada, posicionando-se em sukhasana e então circundou lentamente seu chakra por todo seu interior.

– Apenas preciso relaxar um pouco e esquecer disso tudo – Firmou, já fechando seus olhos e focando naquela atividade. Liberou lentamente seu chakra tanketsu por tanketsu, um por um em sucessão e calmaria, aquilo não era uma prova então erros até esse ponto não seriam obstáculos, permitindo assim focar inteiramente no processo de adequação do ritmo de chakra. Cuidadosamente, iria transmutar aquele chakra lento em um mais fluido e veloz, rotacionando seu chakra primeiramente pela região das pernas e por ali preenchendo por completo, treinando dessa forma a sua mobilidade e capacidade de conduzir seu chakra de modo mais preciso.

– Embora minha perna ainda doa, sentir meu chakra fluir com tanta grandeza sobre ela é como se eu estivesse me massageando – Pontuava mentalmente. Adotaria agora a posição de balasana, ficando de joelhos e inclinando-se para frente, deitando seu peito sobre suas coxas, posicionando a sua cabeça sobre o chão e esticando seus braços para trás. Deslizaria seu chakra sobre as costas, passeando como velhinhos pelo parque, lentos e observadores, sentindo cada tanketsu ser acionado e queimado mais intensamente naquela região. – Um casco de tartaruga – Brincou, mas realmente precisaria acreditar naquilo, aquela abundancia alocada sobre seu latíssimo do dorso e todos os outros músculos eram como uma carapaça, fluida, resistente e latente.

Tentou dissipar aquele acumulo lentamente, cuidadosamente desfazendo aquela postura de balasana e adotando uma outra, dessa vez a shavasana. Uma vez deitado sobre o chão e com o peito voltado para o teto, esticaria lentamente seus braços e pernas lateralmente, fechando seus olhos e buscando dirigir o chakra acumulado sobre sua parte posterior para sua parte anterior, concentrando aquilo tudo na região do tórax como um todo. Buscaria rotacionar seu chakra sobre a área em sentido anti-horário e, algumas vezes, retornando para o sentindo horário como se estivesse torcendo e distorcendo aquele montante de chakra em seu interior.  

Após realizar aquela atividade por alguns minutos, aplicaria agora ainda mais concentração para focar aquilo tudo em um ponto ainda mais minucioso, dessa vez, em seu principal órgão. Levaria todo seu chakra pra seu coração, flamejando aquele músculo oco em um intenso, poderoso e cintilante cinza. Sua dominância era baixa, então adornar ele em uma fina camada estava até então distante de suas capacidades, limitando apenas a cobri-lo por completo e permitir inunda-lo com tudo aquilo. – Ainda não está bom, mas já é um progresso e tanto – Dissiparia tudo, retornando para o fluxo comum que seu corpo estava acomodado.  

Sua respiração não estava pesada, ela se encontrava apenas mais intensa, como se estivesse aquecida ou tão somente disposta a outra atividade, mas a limitou apenas ao repouso. Ergue-se e foi até a cozinha buscar água, precisa de um tempo para descansar e também aproveitar todo o caminho de amadurecimento de seu controle de chakra. – Eu realmente sou apenas um ladrão? – Questionou, adotando uma feição mais reflexiva enquanto se hidratava. – Talvez seja isso que eu acreditei por tanto tempo, mas o que faz isso ser verdade – Guardou o copo sobre a estante e silenciou-se por alguns segundos, como se estivesse buscando resposta para seu próprio questionamento.

– Acho que agora eu apenas preciso relaxa, certo? Aquele sonho... Ele não deveria mexer tanto comigo – Balançou a cabeça, meio que dissipando aquele pensamento aéreo que pairava. Adotaria a última posição, sendo essa a tadasana, essa que serviria apenas como um agradecimento pela melhoria do chakra e repetição de todos os processos. Passaria seu chakra sobre as costas, deslizando-o pelas pernas e retornando cuidadosamente para a região toráxica, buscando concentrar aquilo tudo novamente em um único ponto: o coração. Repetiria aquele ciclo algumas vezes antes de encerrar suas atividades, sentando-se sobre a sacada de sua casa e refletindo sobre aquilo tudo.

– Quando foi a última vez que fiz Yoga? – Pensou. – Acho que foi quando roubei aquela mestra e precisei fingir ser um aluno – Riu descontente – No fim, tudo que sei foi por causa desse ramo. Acho que isso serve de confirmação para todas essas dúvidas, certo? – Pausou por alguns instantes. – Então por que estou tão confuso? – Encerrou deitando-se sobre o chão, caindo no sono após alguns instantes.