Um convidado estranho

Era noite de tempestade em Kirigakure no Sato.

A névoa estava mais densa que o normal, tão negra quanto as nuvens amontoadas no céu, e traziam uma atmosfera de mistério, medo e insegurança àqueles que ousavam transitar pelas vielas naquele horário. O firmamento celeste era palco para um duelo audaz entre serpentes elétricas, sibilando e rasgando os ares conforme corriam apressadamente pelas cumulonimbus. Na vila, espantava o silêncio somente o som da chuva estalando ferozmente contra os telhados e as vielas, como se a natureza tentasse de todas as formas possíveis alertar os residentes daquela pobre cidade acerca dos perigos que buscavam ceifar o seu sossego.


As luzes se apagaram, e o único prédio que permaneceu em atividade foi o gabinete do Mizukage. Zetsubō parecia compenetrado nos muitos documentos que assinava, sentado sobre a cadeira do Mizukage e desenhando uma lustrosa assinatura por todos os documentos que terminava de ler. Sempre que terminava um contrato ou certidão, esticava-se na poltrona, bebericava daquilo que parecia ser um vinho caríssimo e continuava o seu trabalho. Era um homem de gostos refinados, e não havia nada que desfrutasse mais que o gosto adocicado do líquido carmim descendo-lhe a garganta.

E entre uma trovoada e outra, um estouro se fez presente à suas costas. As janelas do salão do Mizukage explodiram, e estilhaços de vidro, madeira e pedras voaram por todos os lados. Escaldado, Zetsubō rolou sobre a mesa e saltou, pousando graciosamente sobre a parede e atirando seus olhos sobre quem quer que tivesse sido audaz o suficiente para atentar contra a vida do Mizukage de uma grande nação como o País da Água.

A silhueta que entreviu encobria-se de um manto negro grosso, com capuz sobre a cabeça e uma arma laminada semelhante a uma adaga brilhando fracamente com a luz ambiente.

— Quem é você? — Zetsubō indagou em uma voz tempestuosa, como se exigisse uma apresentação.

A figura antagonista não respondeu nada. Em vez disso, avançou outra vez, e outra, e outra, desenhando uma série de cortes luminosos no ar conforme o Mizukage se esquivava sem muita dificuldade. Guerreiro de muitas batalhas, Zetsubō já havia sido vítima de diversos atentados como aquele durante seus tempos de guerra, e a experiência lhe havia transformado em alguém especialmente hábil em lidar com as súbitas alterações de humor e concentração provenientes de uma atmosfera como aquela. Com as sucessivas falhas em suas investidas, o assassino recuou, assustado e preocupado, unicamente para que fosse surpreendido por um poderoso murro do Mizukage, que lhe lançou como um cometa contra a mesa, estraçalhando-a e abrindo um rombo ainda maior na parede que vinha atrás. Uma fumaça densa se levantou ao passo em que passadas rápidas puderam ser ouvidas ao longe, se avizinhando do gabinete. Quando o fumo desapareceu, restava apenas uma bandana como prova do país conhecido.

Mikage Fujiwara, um espadachim da névoa em posse da lendária Kabutowari, e três membros da ANBU em sua companhia se achegaram da cena do crime há tempo de observar enquanto o Mizukage calmamente trazia à tona a bandana perdida. Zetsubō observou-a em silêncio, procurando um significado naquilo que estava vendo, na situação que havia acabado de se desenrolar. Não havia nenhum. Não fazia sentido que houvesse, não daquele povo. Mikage deu um passo à frente, preocupado com seu senhor, e antes mesmo que pudesse por em palavras os múltiplos pensamentos de medo e preocupação que lhe vieram à mente, uma única frase do Mizukage trouxe fim à tempestade.

— Mikage, convoque uma reunião com o Senhor Feudal. Estamos em guerra.

Esse é uma Narrativa Oficial da trama do Naruto Lasting RPG. Sua leitura se faz importante para a compreensão dos eventos que ocorrerão na trama e também para que os jogadores possam narrar seus personagens de acordo com os eventos ocorridos.