Não sei o que dizer sobre a primavera, no mesmo ponto que parece um clima calmo e confortante, acaba se tornando muito repetitivo, sem imprevistos e talvez para muitos sem graça. Mas admito, viver sem imprevistos é uma ambição impossível que tenho para meu futuro. Gosto muito do inverno, mas odeio não saber se uma tempestade de gelo vai me impedir de sair da cama ou não naquele dia, mas quando sim, fico apenas deitado e enrolado nos meus cobertores, desfrutando de um bom chocolate quente, é como se vivesse um sonho. Mesmo em dias normais, sair pelo inverno costuma ser uma sensação única, pisar na neve enquanto a brisa gelada lhe congela aos poucos. Eu sei, é um pensamento desnecessário, mas não posso deixar de pensar nisso a cada momento em que me afasto do centro movimentado de Kumogakure, o silêncio me faz refletir sobre diversas coisas aleatórias.

Estou num lugar meio escondido da região comum de Kumo, descobri ele a pouco tempo, é cercado por pequenos montes, escondendo sua localização e logo atrás um longo campo florido a cerca, obviamente as flores estão em seu auge, a primavera traz toda a beleza e cor à tona. Me isolei para entender melhor meu próprio chakra, depois do básico que dominamos na academia ninja o chakra parece se tornar uma ferramenta mais utilizável e pouco explorada pelos viventes dele. Mas se ele compõe todo nosso corpo e habilidade, além de forjar todas as técnicas existente, como realmente ele deveria ser utilizado? O domínio do chakra talvez seja a única ferramenta capaz de mover e elevar a existência dos poderes ninjas a um patamar novo, sendo sincero, quero conhecer o desconhecido, não apenas me limitar as mesmas técnicas e vivência normais.

Entender, compreender e explorar a natureza do próprio chakra para finalmente expandi-lo. Se o usar fosse a única coisa necessária para se tornar mais forte, teríamos grandes problemas com os bagunceiros preguiçosos de Kumogakure. Nesse momento estou de olhos fechados, sentindo a brisa rodear a todo meu corpo, me trazendo um novo conforto, sinto as flores, sinto o vento, sinto o chão, mas não o vejo. É nesse pensamento que tento fazer o chakra fluir através do meu corpo, não preciso realmente enxergá-lo, mas apenas sentir ele atravessando minhas correntes, até surgir nas pontas de meus pés ou na palma da minha mão. Uma forma básica de manejá-lo, ensinada ainda na academia, mas ótima para começar meus próprios experimentos.

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Considerações:

Order: Ninjutsu - Parte 1

A carreira ninja é um caminho muito longo para jovens tão ambiciosos, a ansiedade de seus sonhos ou apenas do próprio desejo de fama, glória e poder acabam ofuscando talentos que normalmente podiam ascender como o verdadeiro futuro da atual geração. Sempre me questiono, onde mora minha ansiedade? Acredito, desde já, em construir minhas ideias e sonho com suas realizações, mas não nutro esse sentimento de pressa, se meus objetivos forem cumpridos hoje ou somente daqui a cinquenta anos, estarei realizado, isso apenas me permite mais tempo de elaborar os caminhos necessário, nenhum plano nasce perfeito, mas quanto tempo será necessário para torná-lo assim? Na verdade... existe a perfeição? Não gosto que meu ego me cegue, não acredito no caminho que o mundo traça, mas talvez eu seja a engrenagem falha do sistema.

Enquanto delírio em meus próprios pensamentos, atravessei metade do vilarejo para chegar no pequeno espaço quase que abandonado pelos residentes de Kumogakure, a biblioteca pública, sinceramente o silêncio desse bairro já é o suficiente para valer todo o caminho até ele, mas sempre que adentro naquele palácio de livros e conhecimento, me admiro ainda mais pela falta de ganância dos jovens. Qual será o caminho escolhido pelos demais? A força física parece uma rota alternativa muito simples, o caminho ilusório tentador, se eu pudesse, caminharia em meio a todas as possibilidades, unicamente pela experiência de viver as possibilidades, mas no momento, me contendo em dominar o que considero o básico de todos os ninjas: a arte do ninjutsu.

A jovem moça que cuidava do expediente matutino me recebeu com um sorriso, talvez eu fosse sua única companhia em muitos dias naquele serviço meio chato, antigamente, uns cinco anos atrás uma senhora cuidava do espaço todos os dias, mas por algum motivo sua carga horária agora é bem menor, raramente a vejo, mas sempre absorvo sua empolgação pelos livros. No momento em que cheguei, perguntei onde era a área onde encontraria algumas teorias e práticas relacionadas a ninjutsu.

—— Estão bem espalhados, é algo que abrange muitos assuntos. Mas se busca algum conhecimento um pouco além do básico, recomendo os livros do corredor quatro, mais especificamente no fim da prateleira a direita. —— informou a moça, agradeci sutilmente e fui até a recomendação dela. Os corredores eram relativamente longos, era o que sustentava tanto conteúdo em um espaço tão encolhido, segui a direção indicada e encontrei uma série de cinco livros que provavelmente era os indicados pela mulher, os títulos eram “Da teoria à prática, dissecando os ninjutsus”, de um autor que jamais tinha ouvido falar antes, mas não me preocupei, qualquer conhecimento seria suficiente naquele momento.

Busquei o primeiro livro, levando-o para uma mesa mais afastada e lá comecei minha leitura. A primeira série do livro não parecia ir muito além, era inteiramente prática, ensinando os caminhos e formas como a energia espiritual funcionavam em coerência com os selos de mão, a forma como os gestos guiavam a energia através do corpo, seguindo um caminho juntamente a imaginação para trazer vida e forma ao chakra, formando o que é compreendido como técnicas de ninjutsu. O livro narra que acredita que os grandes mestres da área de ninjutsu, que andaram na terra a milhares de anos atrás, eram capazes de executar feitos inimagináveis, como até mesmo deslocar o espaço-tempo através do próprio chakra, além de criar montanhas de pedra, formar tsunamis de águas, devastar terras com furacões, queimar florestas inteiras com enormes labaredas de chamas e formar nuvens carregas de eletricidade capazes de formarem até dragões enormes e amedrontadores.

O puro conhecimento fluía durante a série, pouco podia ser ensinado, a teoria e as lendas das capacidades e inimagináveis formas de ninjutsus pareciam surgir através dos anos, expandindo ainda mais as formas e extensões do chakra. Não me preencher nada saber tudo isso, mas me causa uma espécie de formigamento, uma vontade de alcançar feitos gigantesco e criações históricas apenas com o meu próprio chakra.

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Considerações:

Order: Ninjutsu - Parte 2

O primeiro livro da série finalmente terminou, sem que tivesse alguma profundidade significativa a respeito da arte do ninjutsu, mas comparado ao meu pouco entendimento acadêmico e básico, foi o suficiente para compreender melhor como a energia espiritual se manifesta dentro de nós. Sua forma pura de agir, sem os encantamentos elementais é bastante funcional, podendo facilmente atingir picos mesmo em níveis mais baixos. O segundo livro tem o subtítulo de “Espada & Escudo” e já no primeiro capítulo é notável que ele tende a expandir os conceitos do ninjutsu de forma ofensiva e defensiva.

Segundo os ensinamentos do livro, o ninjutsu funciona de forma única e é através de sua manipulação, forma e sequência de selos que adotam uma postura defensiva ou ofensiva, seguindo praticamente o mesmo desempenho indiferente a forma adotada. Basicamente, se um ninja apto em ninjutsu forja uma lança de puro chakra e o atira contra seu inimigo, ele também poderia forjar uma lança igual para defender a lança de ataque, anulando-as desde que a mesma quantidade de chakra e sequência de selos fossem usadas da mesma forma. Os jutsus possuem praticamente um único caminho e linha, indiferente a sua forma adotada, todos consistem em energia espiritual manipulada de acordo com sua intenção e necessidade.

Compreender e entender os moldes básicos formados com os selos de mão, segundo o livro, é uma prática mais que necessária para dominar e aperfeiçoar as próprias capacidades com o ninjutsu, pois somente dessa forma é possível expandir seu domínio sobre o chakra e o ninjutsu, além disso o controle do próprio chakra é o único caminho possível para acrescentar as próprias habilidades. O segundo livro é menor que o primeiro, sua leitura é rápida e o seu fim apenas serve como citações e exemplos de algumas técnicas consideradas espadas e outras consideradas escudo.

A compreensão das habilidades é realmente algo necessário para a evolução, no entanto a prática deve caminhar lado-a-lado, pois somente através dela posso realmente entender e naturalizar minha própria evolução. O terceiro livro da série era sobre isso “A dominação na prática”, seu primeiro capítulo já revela muito sobre si, a prática através da dominação do próprio chakra e dos selos de mão, como aprendizado através do próprio desempenho. No entanto, em minha primeira leitura, nenhum exercício podia ser executado ali, precisaria de espaço e tempo para isso e ali não teria esse momento. Peguei o livro em questão e guardei os demais, solicitando emprestado a atendente.

Já estava ficando tarde, mas não queria perder tempo, deixei aquele lugar e imediatamente parte rumo a um campo mais afastado, uma área que normalmente utilizava para meus treinamentos, ali testaria os ensinamentos que o livro indicava, talvez não me ajudasse em nada, mas por que não?

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Considerações:

Order: Ninjutsu - Parte 3

A escuridão da noite era reconfortante, o brilho da lua enaltece minha própria pele, brilhando cada vez mais intensamente diante daquele espaço. O livro e suas palavras flutuam em minha cabeça, repassando-as de forma incessável como forma de não me esquecer de nenhum passo que deveria executar naquele momento, naquela hora. Os selos seriam a primeira parte do aprendizado, fluindo da minha mão formas que eu antes jamais tinha aprendido ou visto, todas nomeadas de acordo com o respectivo animal de imaginação, o dragão, o coelho, o cachorro, o boi, ajustando meu próprio fluxo para fluir através de técnicas e habilidades. O livro mesmo que ensinasse de forma mais aprofundada, iniciava todo seu treinamento de uma forma única: manejando habilidades e técnicas básicas, pois somente através do domínio perfeito do básico era possível executar técnicas de maior compreensão e força. A primeira técnica almejada, era uma simples transformação de clones que deveria fluir e nascer como uma cópia perfeitamente exata a minha, sem falhas ou erros fáceis de detectar — mesmo que qualquer ninja mais experiente conseguisse ir facilmente contra isso, visto que o clone não passava de uma manifestação pura de chakra sem força, peso, resistência ou energia em si.

Tentei uma, duas e até mesmo três vezes, falhando em todas, simplesmente a execução da técnica não parecia ser da maneira mais correta naquele. Mas, não pararia ali, continuava a executar sua demanda de selos e concentrar seu chakra com o pouco de domínio que tinha aprendido e dominado no dia anterior, conseguindo facilmente notar a diferença das primeiras vezes que tinha manejado a técnica, para as últimas vezes. Agora seguiria para outra parte do treinamento, uma nova técnica, a técnica básica de conseguir escalar montanhas e arvores com extrema facilidade, executou os selos e a executou, pairando alguns minutos sobre o local enquanto tentava executar outro clone, manejando seu chakra em duas fontes diferentes, como uma forma de compreender e manter o próprio chakra em estabilidade mesmo diante de alguns percursos mais ousados.

Continuou seu treinamento, agora numa nova técnica, andar sobre as águas, enquanto tentava expelir aos poucos o próprio chakra para perto da água, movendo-a com o pequeno impacto, era irrelevante a forma como a água movia, era quase como um pingo caísse, mas novamente aquilo lhe permitia manter um ninjutsu enquanto usava seu chakra para outra tarefa, tentando alcançar uma perfeita estabilidade.

Mesmo que quisesse continuar por muito mais tempo no próprio treinamento, tinha que parar, a noite já estava passando para a madrugada e precisava retornar, logo seu pai notaria sua ausência e, não tinha pressa para aquilo, cedo ou tarde o aprendizado viria, não tinha ansiedade para aquele momento, mesmo que tivesse um pouco para avançar para os próximos livros.

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Considerações:

Chaos: Ruy

Hoje mais cedo devolvi o livro de volta a biblioteca, estava realmente interessado em continuar meu aprendizado, mas no momento não seria possível. Nunca me importei muito nas alcunhas de um Uchiha e pouco me importava com esse sobrenome, mesmo que sempre fosse um motivo de orgulho para meu pai, por isso, pelo menos para poupar ainda mais dor a sua mente fraca, estou indo até um dojo. Como sempre recusei esses convites, não sei o que me espera, mas pelo nível da solicitação, é apenas algum teste físico ou algo do tipo.

Creio que parte da ordem natural funcione com nosso próprio compromisso, então como de costume cheguei exatamente no horário marcado e, para minha não-surpresa, o local estava vazio. Anunciei minha chegada, com um grito até que baixo, somente como forma de chamar atenção de qualquer pessoa que tivesse por perto. Retirei meus calçados, deixando-os ao lado de um outro sapato e fui até uma almofada que visualmente parecia ser um local confortável para aguardar.

Já faz dez minutos que estou aguardando e o silêncio desse lugar é tão reconfortante que nem mesmo me sinto incomodado, gosto de locais tranquilos, gosto de ficar preso com meus próprios pensamentos, me permitem flutuar entre minhas ambições e sonhos. A porta abriu-se, me despertando do meu próprio transe. Um jovem, alto e atraente chegou, cumprimentei, o assustando. —— Sariel?! É você? Já chegou?! —— questionou, como se fosse eu o adiantado.

—— Sim, qual a surpresa? —— questionei.

—— Normalmente os alunos que convoco chegam bastante atrasado... e dessa vez eu me atrasei. Me desculpe, acabei tendo que ir buscar alguns arsenais novos. —— respondeu.

—— Tudo bem. Acabei chegando meio cedo também, mas nem percebi o tempo passando. Mas aproveitando... por qual motivo me chamou? —— menti, evitando prolongar o assunto.

—— Ah, perdão. Me chamo Ruy, sou um ninja perito nas artes físicas. Normalmente eu gosto de ajudar alguns ninjas com não possui muita prática nessa arte a pelo menos aprenderem a se virar, Kumo não é lugar dos mais seguros para se conviver, é necessário aprender a sobreviver sem problemas. Já te observo algum tempo, você é bem observador, mas até mesmo sua forma de andar revela sua pouca prática física. —— explicou Ruy.

Não me ofendi com as palavras dele, mas admito que me preocupo em saber que fui observado dessa forma sem conseguir notar, talvez devesse prestar mais atenção no meu caminho. O aprendizado seria interessante, então aceitei de bom grato, sem retrucar nada. Ruy começou a explicar as formas de combate física, concluindo que inicialmente teríamos um confronto, unicamente para avaliação física e o resultado já era mais que óbvio.

Era impossível acompanhar os movimentos de Ruy, principalmente saber como deveria me comportar perante seus movimentos rápidos, imprevisíveis e sem falhas notáveis, seus golpes eram leves, mas era possível sentir o quão se segurava para não me machucar, tentar lhe acompanhar apenas piorava minha situação, começava a ficar tonto e precisava agir. Movi-me, rumo a direção oposta, ele poderia somente desviar, mas não foi necessário, pois mesmo jogando todo o peso do meu contra ele, um único dedo foi capaz de me segurar.

—— É, temos um longo trabalho pela frente. —— disse Ruy, soltando uma risada de tom irônico. Fechei um pouco a cara, mais pela decepção do que pela risada. Ruy começou se aquecer —— Repita comigo esses mesmos movimentos, antes de qualquer treino ou até mesmo luta, é sempre bom se aquecer. —— concluiu Ruy. Fiz assim como solicitado, aquecendo meu próprio corpo para o possível treinamento.

—— Seu corpo, seus reflexos e sua força atual é lenta, fraca e ineficaz. Até mesmo algumas crianças o conseguiriam vencer em combate somente por culpa disso. Eu realmente nunca trabalhei com alguém tão abaixo dos padrões como é seu caso, mas já sei por onde começar. Iremos simplesmente lhe exercitar. Então, hoje, você apenas terá que concluir duzentos polichinelos e depois disso terminarmos por hoje. —— concluiu Ruy.

A execução da ordem não era fácil e desde o momento que a escutei sabia disso, parecia que a todo momento meu corpo alcançava seu limite físico, suava em todas parte do corpo e a exaustão e peso daquele momento parecia me consumir. Mas persisti. De vinte em vinte fui cumprindo a ordem solicitada, parando, descansando e voltando com tudo para tentar novamente, até o momento em que finalmente alcancei o necessário, os duzentos e cinquentas polichinelos.

—— Não foi tão difícil, né? —— brincou Ruy, jogando um pedaço de pano.
—— Não muito. —— respondi com um sorriso fingido.

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Chaos: Ruy

Hoje mais cedo devolvi o livro de volta a biblioteca, estava realmente interessado em continuar meu aprendizado, mas no momento não seria possível. Nunca me importei muito nas alcunhas de um Uchiha e pouco me importava com esse sobrenome, mesmo que sempre fosse um motivo de orgulho para meu pai, por isso, pelo menos para poupar ainda mais dor a sua mente fraca, estou indo até um dojo. Como sempre recusei esses convites, não sei o que me espera, mas pelo nível da solicitação, é apenas algum teste físico ou algo do tipo.

Creio que parte da ordem natural funcione com nosso próprio compromisso, então como de costume cheguei exatamente no horário marcado e, para minha não-surpresa, o local estava vazio. Anunciei minha chegada, com um grito até que baixo, somente como forma de chamar atenção de qualquer pessoa que tivesse por perto. Retirei meus calçados, deixando-os ao lado de um outro sapato e fui até uma almofada que visualmente parecia ser um local confortável para aguardar.

Já faz dez minutos que estou aguardando e o silêncio desse lugar é tão reconfortante que nem mesmo me sinto incomodado, gosto de locais tranquilos, gosto de ficar preso com meus próprios pensamentos, me permitem flutuar entre minhas ambições e sonhos. A porta abriu-se, me despertando do meu próprio transe. Um jovem, alto e atraente chegou, cumprimentei, o assustando. —— Sariel?! É você? Já chegou?! —— questionou, como se fosse eu o adiantado.

—— Sim, qual a surpresa? —— questionei.

—— Normalmente os alunos que convoco chegam bastante atrasado... e dessa vez eu me atrasei. Me desculpe, acabei tendo que ir buscar alguns arsenais novos. —— respondeu.

—— Tudo bem. Acabei chegando meio cedo também, mas nem percebi o tempo passando. Mas aproveitando... por qual motivo me chamou? —— menti, evitando prolongar o assunto.

—— Ah, perdão. Me chamo Ruy, sou um ninja perito nas artes físicas. Normalmente eu gosto de ajudar alguns ninjas com não possui muita prática nessa arte a pelo menos aprenderem a se virar, Kumo não é lugar dos mais seguros para se conviver, é necessário aprender a sobreviver sem problemas. Já te observo algum tempo, você é bem observador, mas até mesmo sua forma de andar revela sua pouca prática física. —— explicou Ruy.

Não me ofendi com as palavras dele, mas admito que me preocupo em saber que fui observado dessa forma sem conseguir notar, talvez devesse prestar mais atenção no meu caminho. O aprendizado seria interessante, então aceitei de bom grato, sem retrucar nada. Ruy começou a explicar as formas de combate física, concluindo que inicialmente teríamos um confronto, unicamente para avaliação física e o resultado já era mais que óbvio.

Era impossível acompanhar os movimentos de Ruy, principalmente saber como deveria me comportar perante seus movimentos rápidos, imprevisíveis e sem falhas notáveis, seus golpes eram leves, mas era possível sentir o quão se segurava para não me machucar, tentar lhe acompanhar apenas piorava minha situação, começava a ficar tonto e precisava agir. Movi-me, rumo a direção oposta, ele poderia somente desviar, mas não foi necessário, pois mesmo jogando todo o peso do meu contra ele, um único dedo foi capaz de me segurar.

—— É, temos um longo trabalho pela frente. —— disse Ruy, soltando uma risada de tom irônico. Fechei um pouco a cara, mais pela decepção do que pela risada. Ruy começou se aquecer —— Repita comigo esses mesmos movimentos, antes de qualquer treino ou até mesmo luta, é sempre bom se aquecer. —— concluiu Ruy. Fiz assim como solicitado, aquecendo meu próprio corpo para o possível treinamento.

—— Seu corpo, seus reflexos e sua força atual é lenta, fraca e ineficaz. Até mesmo algumas crianças o conseguiriam vencer em combate somente por culpa disso. Eu realmente nunca trabalhei com alguém tão abaixo dos padrões como é seu caso, mas já sei por onde começar. Iremos simplesmente lhe exercitar. Então, hoje, você apenas terá que concluir duzentos polichinelos e depois disso terminarmos por hoje. —— concluiu Ruy.

A execução da ordem não era fácil e desde o momento que a escutei sabia disso, parecia que a todo momento meu corpo alcançava seu limite físico, suava em todas parte do corpo e a exaustão e peso daquele momento parecia me consumir. Mas persisti. De vinte em vinte fui cumprindo a ordem solicitada, parando, descansando e voltando com tudo para tentar novamente, até o momento em que finalmente alcancei o necessário, os duzentos e cinquentas polichinelos.

—— Não foi tão difícil, né? —— brincou Ruy, jogando um pedaço de pano.
—— Não muito. —— respondi com um sorriso fingido.

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